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Vacina contra Varicela estará disponível na rede pública
05/01/2013
Vacina contra Varicela estará disponível na rede pública
Cecília Dionizio
www.sxc.hu/Divulgação
Segundo presidente Sbim, vírus da varicela pode afetar de 10 a 15% da população adulta
A varicela ou catapora, como é mais conhecida, terá sua vacina preventiva liberada na rede pública, a partir do segundo semestre deste ano. Até agora, a vacina só é oferecida na rede privada a custo médio de R$ 150 cada dose (são necessárias duas). Com a vacinação gratuita, a expectativa é que se reduza o número de casos da doença, que hoje afeta cerca de 90% das crianças até os dez anos.
Segundo a infectologista Isabela Ballalai, presidente da regional da Sociedade Brasileira de Imunização (Sbim), do Rio de Janeiro, o vírus varicela zoster também pode afetar quem não foi contaminado na infância. Em torno de 10% a 15% das infeções ocorrem nos adultos.
Embora raros, alguns casos podem ter evolução bastante grave, culminando em morte. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a evolução da catapora matou mais de 200 pessoas, no ano passado, nos Estados Unidos, a exemplo do que aconteceu em São Paulo, em 2003, quando mais de 60 pessoas faleceram por meningite.
"A expectativa é que o mesmo aconteça no Brasil, embora não seja uma doença de notificação, o que dificulta ter dados exatos. Quando o vírus evolui para encefalite, que é um tipo de meningite viral, ou para uma infecção generalizada, ou ainda para uma pneumonia, a tendência é a pessoa ir a óbito", diz a médica.
Isabella explica que o vírus da varicela zoster é o mesmo que causa o chamado cobreiro, ou seja, o herpes zoster, que costuma afetar pessoas com baixa imunidade.
Em geral, o primeiro sintoma é a febre, que, em seguida, evolui para lesões avermelhadas. Essas, por sua vez, tornam-se vesículas cheias de água, até que se rompem, formam casquinhas e secam. Nesse processo, se ocorrer alguma inflamação, o risco de gravidade é elevado, explica a infectologista. Daí o cuidado que se deve ter para manter a limpeza do local, como forma de prevenir as infecções na pele e esperar o processo natural de recuperação.
Não há o que se fazer quando a doença já está instalada. Exceto no caso de gestantes, que, ao serem infectadas ou ao entrarem em contato com alguém que esteja com varicela, devem buscar ajuda do Centro de Referência a Imunobiológicas, do Ministério da Saúde, a fim de receber a dosagem de imunoglobulina, que é um anticorpo puro. Após seis meses do parto, mãe e bebê devem receber a vacina, pois, então, já estarão suscetíveis à infecção pelo vírus devido ao término do efeito da imunoglobulina.
Atenção durante viagem
Em época de férias, os médicos alertam para a importância de se vacinar preventivamente contra várias doenças e a catapora é uma delas, uma vez que é altamente contagiosa. Para se aproveitar bem o passeio, a médica Gelvana Barreto, do departamento de doenças infecciosas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), explica que é preciso estar sempre prevenido, em especial quando se viaja de navio, e o ideal é evitar ao máximo beber em copos de estranhos.
"O problema mais comum nos cruzeiros é a diarréia provocada por água e por alimentos contaminados. Por isso, é preciso usar o álcool gel, lavar as mãos com frequência e evitar compartilhar o copo com outras pessoas", diz. No entanto, o infectologista Jessé Alves, da Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem, reconhece que mesmo pessoas mais velhas têm de ficar alertas, pois são elas as principais vítimas dessas doenças oportunistas, por causa da baixa imunidade.
O médico observa que o ideal é passar por uma avaliação geral de saúde. Assim, além de tomar vacinas, cada um vai poder levar os remédios apropriados para diferentes situações. Um site criado com o objetivo de facilitar a vida de quem viaja, www.viagemcomsaude.com.br, oferece inúmeras informações atualizadas sobre áreas de risco de epidemias, bem como quais as vacinas recomendadas para as pessoas se deslocarem com segurança.
Segundo o médico Renato Kfouri, presidente da Sbim, de acordo com a categoria profissional ou o roteiro de uma viagem, a pessoa pode ficar mais exposta a certas doenças infectocontagiosas e, por isso, precisa ser protegida pela imunização. "A vacinação é associada às crianças porque as primeiras vacinas que surgiram no mundo evitavam doenças responsáveis por boa parte da mortalidade infantil, como a difteria e a poliomielite. Com o tempo, percebeu-se a necessidade de se proteger também o adulto. Hoje, há calendários específicos para mulheres (gestantes ou não), homens, idosos, profissionais e viajantes."
Ideal é não esperar surto para vacinar
A vacina é composta por um vírus vivo atenuado, de cepa oca, segundo a médica Isabella Ballalai, e tem total segurança na aplicação. Como é feita de um vírus atenuado, só é contraindicada para imunodeprimidos e gestantes. Em alguns casos, pode ocorrer reação adversa, caracterizada pelo surgimento de vesículas.
A médica alerta que, ao ser afetada pela varicela, em geral, a criança vai desenvolver de 250 a 500 lesões de pele - metade do que ocorre nos adultos. Os sintomas iniciais se parecem com os de qualquer outra virose: febre, coriza e tosse. Até que aparecem pequenas manchas nas costas, peito e abdômen. As manchas viram bolinhas vermelhas (pápulas), que se transformam em bolhinhas com líquido (vesículas) e, finalmente, em crostas (casquinhas).
A recuperação demanda de sete a dez dias, quando as lesões já viraram crostas. Portanto, quem deseja evitar todo esse sofrimento pode e deve se vacinar. "Estudos demonstram que onde a vacinação é feita em massa o resultado é fabuloso e há chances de se reduzir a doença de forma bem significativa. Não só em crianças, mas em adolescentes e em idosos", diz a médica.
Quem nunca contraiu a varicela pode se proteger por meio da vacina, que deve ser administrada em maiores de um ano de idade, exceto em gestantes, em pessoas em tratamento com altas dosagens de corticóides ou em pacientes com deficiência no sistema imunológico. A substância protege, inclusive, contra as formas graves da varicela, quando tomada até 72 horas após a pessoa entrar em contato com o vírus.
O ideal é não esperar um surto ou alguém próximo ficar doente para se vacinar. "Nesses casos, os efeitos da imunização não são os mesmos de se vacinar antes do surto", explica Isabella. O médico Aroldo Phromann de Carvalho explica que, quando o contágio se dá entre pessoas que vivem no mesmo ambiente (irmãos, por exemplo), a carga viral transmitida acaba sendo maior do que o normal. "Se uma criança pega a doença na escola e passa para o irmão, ambos terão varicela. Mas o irmão sofrerá sintomas mais intensos, porque recebeu uma carga viral maior", observa.
Fonte: Cofen.com
Imagem: Zedoca2011.blogspot.com