USP de Ribeirão Preto cria remédio para tratamento da hemofilia
26/10/2012
USP de Ribeirão Preto cria remédio para tratamento da hemofilia
Substância extraída de células humanas foi testada com sucesso em ratos.
Hemofílicos não têm o Fator VIII, que ajuda na coagulação do sangue.
Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto (SP) desenvolveram um medicamento inédito no país que pode garantir mais qualidade de vida a pacientes com hemofilia, doença que prejudica a coagulação do sangue e torna qualquer tipo de ferimento um risco de vida. Após uma série de testes bem sucedidos em ratos, o Hemocentro, ligado ao Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da universidade, descobriu um método capaz de produzir em laboratório, e com o uso de células humanas, o Fator VIII, substância que controla hemorragias não encontrada nos hemofílicos.
Um componente similar, também criado por engenharia genética, é fabricado apenas na Europa e na América do Norte. A maior parte dos brasileiros depende de remédios importados da França e da Itália ou de um método que extrai a substância do plasma no sangue.
A descoberta da USP pode garantir a autossuficiência do Brasil, que segundo o Ministério da Saúde, gastou R$ 522 milhões nas importações do Fator VIII em 2011, além de diminuir a dependência por doações de sangue para a obtenção de plasma e permitir seu uso de forma preventiva com doses semanais, segundo o professor Dimas Tadeu Covas, coordenador do estudo.
Isso pode ser feito em uma grande escala para atender as necessidades dos pacientes, afirmou o pesquisador, após obter resultados positivos com camundongos modificados geneticamente que tinham hemofilia. Depois de os ratos ingerirem o novo Fator VIII, eventuais sangramentos provocados neles foram rapidamente estancados. O produto que desenvolvemos tem o mesmo desempenho ou até mesmo superior em algumas situações. Então se mostrou efetivo na proteção desses ratinhos, disse.
O próximo passo antes de tornar o Fator VIII disponível para o tratamento de hemofílicos é testá-lo em humanos e conseguir apoio financeiro para sua produção em ampla escala, de acordo com Covas.
Para suprir a demanda de pacientes no país e exportar o medicamento, a USP estima um investimento inicial de US$ 60 milhões (R$ 121,2 milhões). O objetivo futuro é ter esse fator em grande quantidade para que esse tratamento seja possível em um custo mais acessível, afirmou.
O Ministério da Saúde informou que já está discutindo a produção industrial do novo coagulante, mas mantém as negociações em sigilo.
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Fonte: Cofen.com
Imagem: Cofen.empauta.com