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Use filtro solar, e cremes anti-idade, para os cabelos...
26/12/2012
Use filtro solar, e cremes anti-idade, para os cabelos...
Marcus Savoi, da Johnson & Johnson: multinacional lançou neste ano o primeiro anti-idade desenvolvido no Brasil
Camilla Veras Mota
A canção aconselha usar protetor solar, mas as brasileiras acham pouco. O Brasil já é o terceiro país no ranking de faturamento do segmento de cosméticos, com 10,1% do total mundial, atrás de Estados Unidos (14,8%) e Japão (11,1%). O ritmo de crescimento do setor aqui só perde para o russo, segundo o Euromonitor. As vendas avançam 10% ao ano em receita desde 1996, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).
Até recentemente, o desenvolvimento local de produtos voltados para o mercado brasileiro por multinacionais e gigantes do setor como Johnson & Johnson e L'Oréal era restrito. Muitas categorias, especialmente aquelas de maior valor agregado - em que se encaixam os tratamentos capilares e os anti-idade, por exemplo -, eram em sua maioria importadas ou tinham a fórmula tropicalizada em fábricas no Brasil.
Essa configuração tem mudado. O ganho de renda hoje permite que mais brasileiros consumam além do xampu, do sabonete e do filtro solar. Somado à participação cada vez maior da mulher no mercado de trabalho e ao aumento da expectativa de vida, isso explica o crescimento de 15% nas vendas de dermocosméticos em 2011, que chegaram a R$ 1,2 bilhão - e por que a Procter&Gamble, outra gigante do setor, lançou no Brasil no fim de 2010 sua marca de cosméticos, a Olay.
O caso da Johnson & Johnson ilustra bem o novo momento. Como a concorrência, a Johnson começou pela recomendação da música - desde 2002 desenvolve filtros solares mais leves, como preferem as brasileiras, que têm em geral pele oleosa. Neste ano, porém, a multi lançou o primeiro anti-idade desenvolvido pelo laboratório brasileiro. O sérum clareador RoC Clarifiant, hoje um dos líderes de venda da categoria, vendido a R$ 99, surgiu sem muita premeditação, como conta Marcus Savoi, gerente de mercado de produtos de beleza da Johnson & Johnson. Uma cientista de bancada criou a fórmula para tirar manchas da própria pele depois de um feriado na praia. O cosmético funcionou e resolvemos produzir em série.
A moça trabalha no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Johnson em São José dos Campos (SP), um dos seis do grupo no mundo, com outros 200 profissionais, entre cientistas, engenheiros, farmacêuticos e pesquisadores. O número representa pouco mais de 5% do total de funcionários da planta, que conta com 11 fábricas e mais de um milhão de metros quadrados.
A decisão de investir no produto, diz Savoi, foi tomada porque o clareador se alinha a duas tendências do segmento de cosméticos no Brasil, a de segmentação (o tratamento anti-idade tende a ser feito com mais de um produto) e a da preferência das brasileiras pela pele uniforme. Ainda segundo o executivo, o Brasil já ocupa o primeiro lugar no ranking de vendas da marca RoC e o segundo para a divisão de dermocosméticos da companhia.
Para a francesa L'Oréal, o país é o sétimo mercado. Mas queremos deixá-lo entre os três maiores, afirma Blaise Didillon, diretor de pesquisa e inovação no Brasil.
A L'Oréal conta atualmente com um laboratório de desenvolvimento que funciona desde 2008 em sua sede e que já criou produtos para cabelos como Elseve Arginina Resist, X-Tenso Care e até uma nova categoria de produto, o leite para pentear Elseve Arginina Nutrição Intensa. Queremos desenvolver produtos cada vez mais adaptados para o consumidor brasileiro e latino-americano, afirma.
Por isso, o grupo está investindo R$ 70 milhões para abrir até 2015 um novo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, na Ilha de Bom Jesus (RJ). Nos próximos três anos, o número de pesquisadores da subsidiária brasileira saltará de 70 para 150. A equipe terá a missão de fomentar o que a L'Oréal batizou de inovação reversa, o desenvolvimento de tecnologias voltadas para o mercado local que tenham vocação internacional. Entre os produtos que já cumpriram a função está o L'Oréal Paris Elseve Total Reparação 5, que foi exportado como Total Repair.
O segmento de cuidados para o cabelo é um dos grandes focos do grupo francês. Os chineses costumam usar um só produto, os franceses, apenas xampu e condicionador. Os brasileiros chegam a ter sete frascos no banheiro, entre creme para pentear, sérum, pomada..., argumenta. O Brasil leva a sério o que o francês chama de gestão de odor. Fiquei surpreso quando vi pela primeira vez uma brasileira sacar a nécessaire e ir ao banheiro durante o voo. Depois percebi que isso é normal aqui. Tem gente que passa até perfume. Por isso, aliás, o segmento de desodorantes continua na lista de prioridades.
O laboratório da Avène, marca do grupo francês Pierre Fabre, há dez anos no Brasil, pediu ajuda de dermatologistas locais para desenvolver o primeiro anti-idade feito para o país. O Eluage Emulsão, lançado em agosto, promete corrigir as rugas com uma cobertura leve, de rápida absorção e com ação antibrilho - O Eluage vendido na Europa é um creme espesso.
O desenvolvimento de um portfólio customizado coloca o Brasil no mesmo patamar de países como Estados Unidos e China. Neste último, conta Bianca Soares, gerente de produto, a companhia investe em despigmentantes, já que as asiáticas valorizam a pele branca.
Dos 12,1 milhões de procedimentos cosméticos realizados em 2010 [dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plática], 10,4 milhões foram minimamente invasivos - botox, peeling, preenchimento. Se pensarmos que cada um desses pacientes, antes de recorrer à cirurgia, já usava pelo menos um tipo de cosmético, percebemos como o mercado é grande, completa. Se depender da criatividade dos cientistas por trás dos creminhos, as possibilidades são exponenciais, a julgar pelo lançamento do ano - os hidratantes tensores, que prometem lifting temporário (ou efeito Cinderela, como ficou conhecido) por até quatro horas.
Fonte: Cofen.com
Imagem: Cofen.com