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Tratamento sem sair de casa
08/11/2012
Tratamento sem sair de casa
Carlos Morua/CB/D.A Press - 6/6/12
Leitos em UTI no Hospital de Samambaia: com a transferência de pacientes para o sistema home care, mais vagas serão abertas nas unidades de saúde
Pacientes que precisam da ajuda de aparelhos para respirar e ocupam leitos de UTIs nos hospitais públicos poderão receber o atendimento na própria residência. Novo serviço de home care vai atender até 40 pessoas
ANA POMPEU
Há um ano e sete meses, Raphaela dos Santos, 9 anos, está internada no Hospital Regional de Santa Maria. Em 2011, a menina se engasgou e, em consequência, teve uma parada cardiorrespiratória, ficando em estado vegetativo. Desde então, a família de seis pessoas, que mora na área rural de Brazlândia, se reveza para passar os dias com ela em Santa Maria. Mas, agora, a garota poderá sair do hospital e receber o mesmo tratamento no aconchego do lar.
Raphaela será a primeira paciente de alta complexidade da rede pública que depende de aparelhos para respirar e receberá o tratamento na própria residência. A Secretaria de Saúde disponibilizará 40 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) pelo serviço home care (atendimento continuado em casa). Para ser beneficiada, a família deve morar no DF, em residência que atenda aos requisitos para o atendimento. O governo vai arcar com todos os custos, como equipamentos, alimentação, medicação e equipe médica. O paciente ou um responsável, no entanto, devem assinar um termo de responsabilidade, que pode ser revogado quando for necessário ou a família considerar conveniente o retorno a uma unidade hospitalar.
Mãe da menina, a produtora rural Carminha Francisca dos Santos Gava, 46 anos, entrou na Justiça há um ano para pedir o home care. "Não tem coisa melhor do que a casa da gente. Agora, ela vai escutar os pássaros, o cachorro, vai sentir a vida voltando ao normal", diz Carminha, que adaptou a casa para receber o serviço.
Fila de espera
Existem em média 30 pessoas por dia na fila de espera por uma vaga em UTI. O número é flutuante, alcançando picos de 50 pessoas, ou zerando, como ocorreu em junho deste ano, pela primeira vez. Mas nem todos podem receber atendimento em casa. Os que serão tratados na própria residência são os que dependem de ventilação mecânica para sobreviver e, por isso, passam longos períodos no hospital. "A qualidade de vida deles e das famílias vai crescer muito. Era uma demanda antiga do sistema. Os parentes pedem para levar o paciente para casa por ser uma oportunidade de acompanhar de perto e aliviar a rotina familiar", afirma o secretário de Saúde, Rafael Barbosa. Ele enfatiza que a ida dessas pessoas para casa vai liberar as vagas que elas ocupam para outros pacientes.
A Secretaria de Saúde contratou, por meio de licitação, uma empresa de São Paulo para operar o modelo. Manter um paciente crônico em ventilação mecânica custa, em média, R$ 3 mil por dia ao Estado. A secretaria estima que, com o contrato, esse valor caia para R$ 1,2 mil. "A economia de 50% se deve ao fato de tirar a pessoa do ambiente hospitalar, que é, por natureza, mais caro", afirma o subsecretário de Atenção à Saúde, Roberto Bittencourt. O contrato prevê um gasto de até R$ 12 milhões por ano. Apenas o que for usado vai ser debitado na conta do GDF.
Por enquanto, 18 famílias manifestaram desejo de migrar para o programa. O subsecretário explica que, hoje, existem outros oito pacientes em home care depois de decisões judiciais. A ideia é transferi-los para o novo contrato, aos poucos. Para fazer parte da lista dos que poderão ficar em casa, o paciente deve receber o diagnóstico de alta complexidade. De acordo com o subsecretário, a maior demanda da rede pelo sistema vem da pediatria. Caso a procura pelo modelo aumente, o contrato firmado permite o crescimento de 25% dos leitos ofertados.
O Serviço de Atenção Domiciliar de Alta Complexidade (Sad-AC) pressupõe que a casa tenha condições mínimas para funcionar dentro das normas de tratamento intensivo. Uma das exigências é o espaço para receber o técnico de enfermagem que vai acompanhar o paciente 24 horas por dia. A família também precisa fazer um cadastro na Companhia Energética de Brasília (CEB) para receber prioridade de atendimento e evitar quedas de energia.
Além de Raphaela, outros sete pacientes de Santa Maria, oito do Hospital Materno Infantil (Hmib), um do Hospital de Base do DF (HBDF) e um do Hospital Regional do Paranoá já deram início ao processo de transferência. Outros 1,2 mil pacientes portadores de patologias crônicas recebem tratamento em casa pelo Núcleo de Internação Domiciliar. A diferença entre eles e os dos novos leitos é a complexidade do tratamento - os primeiros conseguem respirar espontaneamente.
Entrega
No início de junho, a Secretaria de Saúde entregou 10 leitos no Hospital de Base do DF. Mais 21 de UTI geral também passaram a ficar disponíveis no Hospital Regional de Santa Maria, além de 10 no Hospital Regional de Samambaia. Outros 26 de UTI no HBDF para neurocirúrgicos, 10 no Hospital Regional do Gama e 10 no Hospital Regional de Sobradinho para neonatais estão prontos, mas esperando a contratação de profissionais do concurso da secretaria para funcionar.
Fonte: Cofen.com
Imagem: Cofen.empauta.com