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Tratamento deve ser individualizado

02/04/2013

"Tratamento deve ser individualizado

Correio Braziliense - 02/04/2013

O tratamento para doenças que levam ao suicídio — como a depressão e o transtorno bipolar — é diversificado e individualizado, e cada caso deve ser avaliado para se ter um tratamento adequado (que pode ir de consultas psiquiátricas, psicoterapia breve, entre outros, associados ao uso de medicamentos). "Alguns países estabelecem uma estratégia nacional de prevenção ao suicídio com o tratamento rápido e eficaz da depressão", sugere o médico Humberto Correa, presidente da Comissão de Prevenção ao Suicídio da Sociedade Brasileira de Psiquiatria.

No Brasil, segundo ele, quase não há políticas públicas direcionadas à prevenção ao suicídio. Quando um paciente com quadro de tentativa de suicídio é atendido em uma unidade pública de saúde, ele geralmente é encaminhado ao Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) ou ao Centro de Referência da Saúde Mental (Cersam).

"Essas políticas normalmente estão no bojo do tratamento psiquiátrico oferecido nesses centros. O investimento em pesquisa na prevenção e no estudo de suas causas, no entanto, é infinitamente inferior tendo em vista a importância do problema. Todo esse tabu impede que se invista em pesquisa, que se fale sobre isso e a mídia não divulga", explica Correa: "É um assunto que a sociedade joga para debaixo do tapete".

O que existe de mais concreto para a prevenção é o trabalho de uma entidade não governamental, sem fins lucrativos e que trabalha com voluntários: o Centro de Valorização da Vida (CVV). A entidade surgiu na Inglaterra em 1953 para atender voluntariamente pessoas em um cenário pós-Segunda Guerra Mundial. A iniciativa foi do pastor anglicano Chada Varah, por meio da entidade "os samaritanos", de Londres. Hoje, são 165 centros de emergência espalhados pelo mundo, reunindo cerca de 20.500 voluntários. O CVV chegou ao Brasil no início dos anos 1960 e atualmente conta com 60 postos, que, juntos, contam com cerca de 3 mil voluntários.

O CVV atende 24 horas por dia presencialmente nos postos de referência ou via internet, pelo endereço www.cvv.org.br, cujo atendimento é via chat.

Carmen Ferrari é voluntária há mais de uma década e atualmente ministra cursos de formação a quem está disposto a doar um pouco para os mais necessitados: "O curso mostra os princípios do CVV. Independentemente da formação acadêmica, todas as pessoas em qualquer parte do Brasil estarão trabalhando com as ferramentas da entidade. O curso ensina a usá-las. São muitas, e a primeira é a disponibilidade interna. Não há como abraçar uma causa sem estar preparado emocionalmente", diz.
Ao voluntário não compete mensurar nem julgar quão verdadeira é a dor do outro. Não importa o fator desencadeante do problema, importa o sentimento. Aquilo que a pessoa não tem coragem de falar para o terapeuta, mãe, pai, amigo ou marido estará protegido pelo anonimato. Segundo Ferrari, ao atender a pessoa ao vivo ou pelo chat na internet, o voluntário não deve sugerir recursos religiosos e ter ciência de que sua função é apenas ouvir.

Existem fatores psicossociais, os chamados laços sociais, que ajudam muito os quadros depressivos. De acordo com o psiquiatra Humberto Correa, quanto mais a pessoa participa de grupos de relacionamentos (se é casada, tem filhos, trabalha, se está ligada a atividades religiosas, políticas, esportivas), mais ela reduz as chances de atentar contra si. "Do ponto de vista coletivo, é importante ter laços fortes em vários setores de sua vida. Aquele que se mata invariavelmente já demonstrou alguma vez ideias de morte e se comunica com pessoas próximas."

Fonte: Correio Braziliense

Imagem: 1.bp.blogspot.com