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TRANSPLANTE: INVESTIMENTO E DESENVOLVIMENTO NO BRASIL
12/10/2012
TRANSPLANTE: INVESTIMENTO E DESENVOLVIMENTO NO BRASIL
Em 2011, o Brasil teve o maior aumento anual no número de transplantes na década, com 2.257 procedimentos amais que em 2010, o que nos confirma como sede do maior programa público entre os países que realizam o procedimento. Desses resultados, vale ressaltar o aumento de 109% na Região Norte e 103% na Região Centro-Oeste, com destaque para o Distrito Federal.
Para compreender a importância da inclusão dessas regiões no programa nacional, vale lembrar alguns fatos. Durante a década de 1980, iniciativas no centro-sul permitiram que estagiários de todo o país se capacitassem em centros pioneiros para retornarem a seus estados de origem, onde contribuíam para o desenvolvimento dos satélites que alavancaram o acervo tecnológico nacional nessa área da cirurgia moderna.
Em decorrência desse processo, os novos centros localizaram-se quase que exclusivamente nos estados litorâneos com infraestrutura mais avançada em medicina de alta complexidade. Por isso, 16 estados brasileiros, que somam uma população de 60 milhões de pessoas, chegaram a 2011 sem realizar transplantes de maneira permanente.
Pretendendo incrementar o programa como um todo e distribuí-lo de forma equâ- nime em todo o Brasil, o Ministério da Saúde tem tomado iniciativas para apoiar e aprimorar o crescimento da produção dos centros transplantadores em geral e, ainda, estimular e criar condições para a formação de centros também nos estados ainda em desenvolvimento no setor.
As iniciativas adotadas em 2011 e no primeiro semestre de 2012 são de alto custo, uma vez que o SUS oferece assistência integral que inclui exames pré-transplante, o procedimento em si, exames periódicos pós-operatórios e, apartir daí, fornecimento de medicamentos de uso contínuo. Só no ano passado, o investimento federal no programa somou R$ 1,3 bilhão — quatro vezes mais que em 2003.
Outro marco relevante é a criação do Comitê Estratégico para Desenvolvimento de Novos Centros de Captação de Transplante, que já capacitou mais de 170 profissionais das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, sendo prevista, com recursos já alocados, a capacitação de um total de 1.219 até o fim de 2014.
Como forma de incentivo para os hospitais e profissionais da área, foram investidos R$ 50 milhões adicionais para pagamento das instituições que realizam transplantes. Permitem um aumento que varia de 30% para aquelas que realizam apenas transplantes de um órgão ou tecido até 60% para aquelas que realizam quatro ou mais tipos. O pagamento diferenciado se baseia no conhecimento de que infraestruturas comuns se beneficiam da experiência partilhada, principalmente nas unidades de terapia intensiva.
Foram definidas tabelas SUS diferenciadas para transplantes de coração e pulmão, que vinham apresentando, nos últimos anos, menor crescimento em relação aos transplantes de rim, fígado e pâncreas.
A captação de órgãos em 2012 foi de 12,6pmp, 16,4% maior que no mesmo período de 2011, pretendendo-se alcançar 15pmp até 2015. Por seu lado, centros mais desenvolvidos em outros países perceberam que, mesmo atingindo índices de captação máxima, o número de órgãos de doadores falecidos ainda não é suficiente para atender à demanda que cresce paralelamente ao atual aumento da expectativa de vida. Compreende-se assim o interesse e o esforço em obter órgãos adicionais, resgatando aqueles que hoje são descartados (órgãos limítrofes) e tentando produzir enxertos alternativos.
Com vistas a melhorar adicionalmente os resultados atuais e preparar o Brasil para o benefício de novas tecnologias e, assim, atender no futuro toda sua demanda, o Ministério da Saúde tem apoiado centros de referência para aprimoramento e ensino das técnicas atuais, bem como para pesquisa de novas tecnologias. Assim, foram investidos R$ 31,6 milhões para desenvolvimento de centros de pesquisa na Universidade de São Paulo, entre os quais um denominado Cipetro (Centro Integrado de Pesquisa em Transplante de Órgãos), para o qual está prevista a convergência de jovens profissionais de todos os estados por meio de editais indutores (Decit).
Além de atender um número maior de pacientes sem alternativa para evitar a morte em curto período de tempo, os resultados atuais e o progresso previsto para os transplantes no Brasil em decorrência das iniciativas recentes permitem prever, como tem sido até agora, um desenvolvimento geral da medicina de ponta nos centros que realizam o procedimento. SILVANO RAIA - Professor emérito da Faculdade de Medicina da USP
Fonte: Istoepiaui.blogspot.com
Imagem: Istoepiaui.blogspot.com