Tecnologia para estômago
12/04/2013
"Tecnologia para estômago
Sobrepeso é hoje um problema se saúde pública
René Berindoague Mestre e doutor em cirurgia geral, especializado em aparelho digestivo, pós-doutorado em cirurgia no Hospital Sant Pau de Barcelona A sensação de carregar o mundo nas costas pode não ser apenas uma mera impressão para quase metade da população mundial. O fato de o peso não ser só nas costas também é um mero coadjuvante na pandemia da obesidade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 48% das mulheres e 50% dos homens com mais de 20 anos estão acima do peso ideal, situação que tende a se agravar com os maus hábitos urbanos, como o tabagismo, o sedentarismo e os altos níveis de estresse. O índice é alarmante, mas, felizmente, o número de pessoas que está procurando ajuda médica em relação ao peso também está crescendo. Quando apenas dietas e rotinas de treino físico não são suficientes para controlar a massa corporal e o sobrepeso se torna efetivamente uma obesidade, é momento de buscar ajuda profissional. O estereótipo de cirurgias abertas, expositivas, demoradas e dolorosas caiu para ceder lugar às incisões milimétricas e concisas. Há alguns anos, novas técnicas e aparelhos foram elaborados para acompanhar a necessidade de procedimentos mais eficazes, seguros e menos invasivos.
O desenvolvimento dessa tecnologia aplicada foi o grande responsável pelo aumento no número de operações, que nos últimos sete anos cresceu 275%. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCM), em 2003, quando as operações abertas eram as mais comuns, 16 mil pessoas passaram pelo procedimento. Já em 2010, o número de cirurgias chegou a 60 mil. Dessas operações, 35% delas foram feitas por videoloparoscopia, método não invasivo feito com o auxílio de uma microcâmera. Todo o processo operatório é gravado, sendo possível até que o paciente leve uma cópia do procedimento em DVD para casa. A videoloparoscopia leva a metade do tempo de uma cirurgia convencional, reduzindo em três vezes o período necessário de internação, garante melhor cicatrização, pouca incidência de dor e eficiente recuperação pós-operatória. Enquanto um paciente submetido a procedimento aberto leva até dois meses para retomar sua rotina, com a cirurgia minimamente invasiva esse período é de apenas dez dias. A SBCM considera a videolaparoscopia uma das maiores evoluções tecnológicas da medicina.
A inclusão do procedimento na lista de cobertura dos planos de saúde também colaborou para o crescimento do número de cirurgias. Desde o início do ano passado, quando a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) tornou obrigatório o custeio do procedimento pela rede privada e proibiu a venda de medicamentos redutores ou inibidores de apetite, o número de operações cresceu significativamente, e hoje o Brasil está atrás apenas dos Estados Unidos. A tecnologia bariátrica agrega muito mais que números para estatísticas positivas. O sobrepeso é um problema de saúde pública e é dever social da medicina empregar cada vez mais os novos mecanismos para dar sua contribuição na reversão e controle dessa grave situação."
Fonte: Cofen.com
Imagem: Cdn.controlinveste.pt