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"Surto em UTI de Ceilândia

10/04/2013

"Surto em UTI de Ceilândia

Correio Braziliense - 10/04/2013

Com a morte de dois bebês em decorrência da bactéria Serratia no HRC, secretário de Saúde orienta gestantes a procurarem outras maternidades. Mais quatro recém-nascidos morreram na unidade nos últimos 15 dias

» THALITA LINS

Depois de confirmar, na tarde de ontem, que há um surto da bactéria Serratia no Hospital Regional de Ceilândia (HRC), o secretário de Saúde, Rafael Barbosa, recomendou às gestantes prestes a darem à luz que procurem outras maternidades. Em 15 dias, seis bebês morreram no HRC. Dois deles eram prematuros internados na unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal e não resistiram em decorrência de contaminação pela Serratia. Quanto às outras mortes, segundo o governo, duas ainda estão sendo investigadas e duas não têm ligação com a bactéria. Sete crianças seguem internadas, duas delas infectados pelo micro-organismo. Há a suspeita de que um terceiro bebê tenha contraído a Serratia.

Os episódios levaram a Secretaria de Saúde a tomar medidas emergenciais para conter a proliferação da bactéria no hospital, onde ocorre o maior número de partos na rede pública, de 450 a 500 por mês. “Logicamente, diante de uma situação de surto em ambiente hospitalar, uma coisa se faz: conter a demanda. Não vamos fechar o serviço (do HRC), mas restringi-lo para que procedimentos sejam adotados com o intuito de tentar equacionar o problema. O berçário está funcionando normalmente. Estamos fazendo todos os procedimentos, tudo que é estabelecido pelas normas da Anvisa no controle de infecção hospitalar”, explicou Barbosa. Dos oito leitos da UTI neonatal, sete estão ocupados. “Essa UTI não vai mais receber pacientes”, frisou.

Ontem, uma nova unidade de cuidados intermediários (UCI) foi inaugurada para que seis crianças internadas no espaço de neonatologia e que não estejam na UTI sejam transferidas para o local. A contratação emergencial de servidores do hospital de Ceilândia está nos planos do governo para reforçar o atendimento na unidade e reverter os riscos de contaminação. Entre as promessas que deverão sair do papel ainda esta semana, estão o aumento do número de técnicos de enfermagem, enfermeiros, e, principalmente, de médicos especialistas em neonatologia e pediatria.

Higiene

A confirmação do surto da bactéria aumenta o desespero da dona de casa Samires de Carvalho, 24 anos. Uma das duas crianças infectadas pela Serratia é o filho da moradora da Ceilândia. Isac nasceu há 18 dias e foi direto para a UTI neonatal. Veio ao mundo prematuro, assim que a mãe completou oito meses de gestação. Há uma semana, ela teve a notícia de que o recém-nascido contraiu a doença. “Meu filho pegou meningite e a bactéria no hospital”, contou Samires. Segundo ela, os servidores que fazem o atendimento dos pacientes não usam os equipamentos necessários. “Para mim, a higiene lá é precária. E isso só me deixa mais preocupada com a vida do meu filho”, afirmou ela.

Desde a confirmação dos casos, a neta da dona de casa Adriana Pereira Maia, 38 anos, vive isolada dos bebês que contraíram a bactéria. A pequena Yasmine nasceu prematura, no último domingo. A família já tentou levá-la para outro hospital, mas foi informada de que ela correria risco de morte. “Ficamos sabendo dessa bactéria hoje (ontem). O hospital não nos falou nada. Não sabemos o que está acontecendo lá dentro. Ficamos abalados, até porque ela vai ter que continuar lá”, contou Adriana.

Entre as medidas adotadas de imediato pela equipe, estão a orientação e o treinamento dos profissionais para que haja reforços na prevenção dessa e de outras bactérias. “Serão intensificadas a questão da higienização das mãos; o manuseio de secreção e fluídos; a esterilização e a limpeza dos materiais”, disse o chefe do núcleo de prevenção e controle de infecção do HRC, Antônio Nóbrega. Ainda não se sabe como a bactéria se propagou na UTI neonatal do hospital. “Vamos pesquisar para saber a fonte da infecção. Para isso, vamos verificar se há novos infectados e possíveis colonizados, ou seja, pacientes que têm a bactéria no organismo, mas ela ainda não se manifestou”, detalhou o médico.

No ano passado

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que, em 2012, foram registradas 51 mortes de crianças recém-nascidas somente na unidade de terapia intensiva neonatal do HRC."

Fonte: Correio Braziliense

Imagem: Hojeemdia.com