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Seis crianças aguardam novo coração no Ceará
30/09/2012
Seis crianças aguardam novo coração no Ceará
Cerca de 70% dos doadores em potencial têm de 18 a 50 anos e são incompatíveis com o público infanti
Miquéias de Almeida tem um ano. Metade dessa curta existência é vivenciada no Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes onde, há seis meses, passou a ser sua morada e da sua mãe, a dona de casa Vanessa Almeida Gonçalves, de 21 anos. Assim como o pequeno Miquéias, outras cinco crianças no Ceará estão à espera de um coração.
Há seis meses, o pequeno Miquéias de Almeida vive no Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, com a sua mãe, a dona de casa Vanessa Almeida Gonçalves, de 21 anos, à espera de um coração.
De acordo com a chefe de transplante cardíaco pediátrico do Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, Klébia Castelo Branco, a mortalidade de quem precisa fazer um transplante, nessa faixa etária, é alta. "Nós perdemos cerca de 30% dos nossos pacientes com até 18 anos".
Entre as crianças e lactentes, o tempo de espera por um órgão é até quatro vezes maior do que o de adulto. "Em média, essas crianças demoram um período de seis meses a dois anos para fazerem o transplante".
Para a coordenadora da Central de Transplantes do Ceará, Eliana Barbosa, isso acontece porque a maioria dos doadores são adultos. "Aproximadamente, 70% dos que poderiam doar têm entre 18 e 50 anos. Para a doação ser efetivada, é preciso que haja compatibilidade de peso, por isso, a situação das crianças é tão complicada", diz.
A coordenadora da CTC acredita que essa realidade poderá melhorar com o credenciamento do Hospital Infantil Albert Sabin (Hias) para fazer esse tipo de procedimento, o que já está em curso.
Joana da Silva, de três anos, foi uma das que recebeu um coração ainda lactente aos 11 meses, graças à solidariedade de uma família que perdeu um menino de oito anos. A estudante Nívia Maria Castro, hoje com 12 anos e garota-propaganda das campanhas de Doação de Órgãos e Tecidos do Ministério da Saúde, também recebeu seu coração novo na infância, aos quatro anos.
Familiares
Ao contrário do que muita gente pensa, não é a dor da perda de um membro da família ainda tão jovem que impede as doações nessa faixa etária. Conforme estudos citados por Eliana Barbosa, familiares que perdem uma criança na família não têm qualquer objeção em doar os órgãos do ente falecido. "Essa é uma maneira de dar continuidade à vida que foi ceifada tão jovem".
Além disso, Klébia Castelo Branco também chama a atenção para a grande diferença que existe no número de transplantes realizados no Brasil e nos Estados Unidos. "A maioria das crianças transplantadas lá se submete à cirurgia antes de um ano. Aqui, é raro encontrarmos doadores. Falta conscientização nesses casos. Apesar de termos todas as condições de realizar esses procedimentos até em recém-nascidos, isso nunca aconteceu por falta de doadores", afirma.
A mortalidade também é grande entre as crianças que precisam receber um fígado. Segundo a chefe do Serviço de Transplantes Hepáticos do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), Ivelise Brasil, dois pacientes faleceram, neste ano, à espera do órgão. "É difícil salvar alguém nessa faixa etária. Isso em razão da urgência de alguns casos e porque o receptor só pode receber um fígado de alguém com peso no máximo 150% maior que o seu", diz.
Entre os pacientes renais desse tipo, houve um aumento no número de doações. No HGF, por exemplo, a quantidade de transplantes subiu de uma média de sete a nove procedimentos por ano, em 2011, para 29, até setembro. "A inclusão de um pediatra na equipe nos deu mais credibilidade e esperamos aumentar esse número até o fim do ano", destaca o responsável pela equipe de transplantes do HGF, Ronaldo Esmeraldo.
Doe de Coração
A Campanha Doe de Coração, promovida pela Fundação Edson Queiroz com apoio do Sistema Verdes Mares e parceria da Universidade de Fortaleza (Unifor), completou uma década neste mês. A iniciativa tem se superado no decorrer dos anos e, desde o lançamento, o número de doações não para de crescer.
O movimento é uma ação efetiva de conscientização, realizada, anualmente, através da veiculação de publicidade nos principais meios de comunicação, como TV, jornal, rádio e internet, além de palestras com profissionais especializados.
Fonte: Cofen.com
Imagem: Diariodonordeste.globo.com