Saúde se deteriora em países que aplicam austeridade fiscal
30/04/2013
"Saúde se deteriora em países que aplicam austeridade fiscal
Pesquisadores constatam aumento da depressão, de casos de Alds e até a volta da malária
Kate Kelland
As políticas de austeridade estão tendo efeito devastador sobre a saúde na Europa e EUA, provocando suicídios, depressão e doenças infecciosas, e reduzindo o acesso a atendimento médico, segundo pesquisas conduzidas pelo economista político David Stuckler, da Universidade Oxford, e Sanjay Basu, professor-assistente de medicina na Universidade Stanford.
Em um livro a ser lançado nesta semana, os pesquisadores dizem que mais de 10 mil suicídios e até 1 milhão de casos de depressão foram diagnosticados durante o período que eles chamaram de "Grande Recessão", que foi acompanhado de medidas de austeridade na Europa e América do Norte.
Na Grécia, medidas como cortes orçamentários nos programas de prevenção à Aids coincidiram com um aumento de mais de 200% nas infecções pelo vírus HIV desde 2011 - o que tem como explicação também a disparada no uso de drogas, num contexto em que o desemprego juvenil chega a 50%.
A Grécia também registrou seus primeiros casos de malária em várias décadas depois de cortes nos programas de controle do mosquito transmissor. Nos EUA, mais de 5 milhões de pessoas perderam o acesso a tratamento médico durante a recessão, disseram os pesquisadores.
"Nossos políticos precisam levar em conta as sérias, e em alguns casos profundas, consequências das escolhas econômicas", disse Stuckler, e coautor do livro "The Body Economic: Why Austerity Kills" ("A economia do corpo: por que a austeridade mata", em tradução livre).
"Os males que encontramos incluem surtos de HIV e malária, escassez de medicamentos essenciais, perda do atendimento à saúde e uma evitável epidemia de abuso do álcool, depressão e suicídio", disse em nota.
Stuckler e Basu disseram, contudo, que os efeitos negativos sobre a saúde pública não são inevitáveis, mesmo durante as piores crises financeiras. Na Suécia, por exemplo, programas ativos de inclusão no mercado de trabalho contribuíram para uma redução no número de suicídios, mesmo durante uma recessão. Países vizinhos onde isso não acontece registraram um grande aumento nos suicídios."
Fonte: Cofen.com
Imagem: Imgoje.viatecla.com