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Saída é investir na formação

30/04/2013

"Saída é investir na formação

Ed Alves/CB/D.A Press

Joarez é um dos muitos brasileiros que trocaram o carro pela moto: 80% a menos de gastos com combustível e três acidentes na bagagem

O desafio de reduzir a mortalidade sobre duas rodas e garantir a segurança no trânsito pesado das grandes cidades depende de mudanças estruturais de todos os tipos. Os gargalos são apontados em vários estágios do processo, desde os métodos usados na formação de novos motociclistas e motoristas até o comportamento dos condutores. Campanhas educativas, defendem as autoridades, se tornaram fortes aliadas no combate à violência.

A escolinha para obter carteira categoria A divide opiniões acerca da eficiência na habilitação de motociclistas. Atualmente, após a aprovação na prova teórica, os alunos fazem aulas práticas em circuitos fechados, quase sempre estacionamentos amplos e pouco movimentados. Na opinião de especialistas, o espaço não permite que o futuro condutor use todas as marchas do veículo nem conheça as reais situações causadas pelo fluxo intenso de carros, ônibus e outros veículos. O processo é muito deficiente. O candidato não passa nem por uma simulação antes de ser habilitado , avalia Artur Morais, doutor em transportes pela Universidade de Brasília (UnB).

Os prejuízos ocorrem por conta da inviabilidade de o aluno, ainda inabilitado, ganhar as ruas com o instrutor na garupa. Para contornar o problema, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) estudará, a pedido do Denatran, a criação de um simulador que reproduza as adversidades do trânsito e seja usado na formação de motociclistas. De acordo com a coordenadora-geral de Qualificação do Fator Humano do Denatran, Maria Cristina Hoffmann, o modelo ainda não foi definido. Os pesquisadores buscam referências mundiais para desenvolver o protótipo brasileiro.

De modo imediato, resta apelar para as mudanças na fase teórica do processo de habilitação. O diretor de Educação do Departamento de Trânsito (Detran-DF), Marcelo Granja, afirma que as aulas e as provas escritas, em Brasília, passaram a dar mais ênfase ao respeito ao motociclista e à segurança em duas rodas, mesmo para quem está se habilitando em outra categoria. Estão sendo reforçadas questões como o ponto cego e os equipamentos obrigatórios , exemplifica.

Conscientização

A escolha da motocicleta se baseia, em muitos casos, na alegação de baixo custo e rapidez de locomoção. Foi o caso de Joarez Soares, 28 anos. O microempresário percorre, em média, 120km diários. Segundo ele, os gastos com tempo e combustível caíram de R$ 100 para R$ 20 por dia depois que comprou uma moto. A economia, no entanto, rendeu três colisões e alguns machucados pelo corpo. Sempre vejo acidentes nas ruas. Há muita imprudência no relacionamento com os carros , observa.

Os órgãos de trânsito tentam minimizar os atritos entre motoristas e motociclistas por meio da conscientização. O Detran-DF prepara uma cartilha direcionada para as duas categorias de condutores. O foco é o respeito do espaço. É preciso entender que a moto está em posição desfavorável, mas tem o mesmo direito do automóvel , destaca Marcelo Granja. O material deve ser distribuído, nos próximos meses, em operações educativas e de fiscalização.

A dura realidade nas ruas virou, em muitos casos, um problema de saúde pública. O Ministério de Saúde realiza o projeto Vida no Trânsito, com repasse de verbas para estados e municípios para auxiliar ações de prevenção. Em setembro do ano passado, foram liberados R$ 12,8 milhões para as 26 capitais, para o Distrito Federal e para as cidades paulistas de Guarulhos e Campinas. Entre os objetivos do programa, está a qualificação dos dados de acidentes, feridos e óbitos no asfalto.

A iniciativa visa evitar a perigosa combinação entre álcool e direção e tem foco, também, nos motociclistas. A diretora de Análise de Situação em Saúde do ministério, Deborah Malta, afirma que as mortes sobre duas rodas apresentam tendência de crescimento nacional. Há um aumento epidêmico dos acidentes , enfatiza. A moto tem hoje uma participação muito expressiva no trânsito, coisa que não ocorria há 20 anos. Nas colisões, o corpo deles é projetado e os ferimentos são muito mais graves. "É preciso entender que a moto está em posição desfavorável, mas tem o mesmo direito do automóvel" Marcelo Granja, diretor de Educação no Trânsito do Detran-DF R$ 25 milhões Quantia repassada, desde 2010, pelo Ministério da Saúde para estados e municípios para diminuir os acidentes e incentivar a paz no trânsito

Ponto de vista

Henrique Cunha, 24 anos, gerente de hotelaria, morador do Guará

" Não dá para generalizar, alguns motociclistas respeitam as leis de trânsito. Outros andam sem cautela, cortando os carros. É um problema. Muitos usam o corredor e acabam ficando no ponto cego do retrovisor dos carros. Nesses caso, o risco de acidente fica ainda maior. Seria bom se houvesse faixas exclusivas para motos nas vias e pontos mais críticos da cidade."

Adriano Barros, 24 anos, motofretista, morador do Recanto das Emas "Acontece uma corrida de todos os lados para ganhar tempo no trânsito e é isso que gera o conflito. Existem motociclistas afoitos, mas os motoristas também deixam a desejar. Mudam de faixa de repente, quase sempre sem dar seta. Às vezes, até veem a moto, mas fecham mesmo, para não dar passagem. Já sofri um acidente por conta de desatenção do motorista do carro."

Fonte e Imagem: Cofen.com