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Risco à saúde pública
17/08/2012
Risco à saúde pública
Se os transtornos nas estradas e nos aeroportos têm sido enormes, por causa da greve dos policiais federais e rodoviários, os consumidores devem se preparar para o pior, caso a paralisação de órgãos estratégicos como a Receita Federal e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ganhe proporções maiores do que a atual. Segundo a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (Sbac), o país pode viver um grande problema de saúde pública, devido ao desabastecimento de materiais usados em exames e em tratamentos de sangue nos laboratórios.
Pelas contas da Sbac, 70% dos insumos demandados pelo setor são importados. Ou seja, como os produtos vêm de outros países, entram pelos portos e aeroportos e necessitam ter o aval da Receita e a da Anvisa, cujos funcionários ou estão de braços cruzados ou em operações padrões. Caso essa situação continue por mais tempo, diante da decisão do governo de não ceder a todos os pleitos do funcionalismo, os estoques podem acabar em um prazo de uma a duas semanas. "Imagine essa situação numa UTI ou num banco de sangue, onde todas as transfusões são urgentes e precisamos de uma série de exames importantes para qualificar o doador. Isso é um problema que já está criado", disse o presidente da Sbac, Irineu Grinberg.
Como os brasileiros estão com mais dinheiro no bolso e o número de planos de saúde não para de crescer, a procura por exames vem aumentando significativamente. Estima-se que, em todo o país, sejam realizados, em média, 150 milhões de testes de sangue por mês. No quadro atual, de escassez, os laboratórios têm se organizado para redistribuir os insumos excedentes para locais onde há carência. O que mais assusta os especialistas é o fato de as mercadorias que estão encalhadas em portos e aeroportos terem prazo de validade muito curto. Quer dizer: podem acabar no lixo, mesmo que a greve acabe nas próximas duas semanas.
Os funcionários da Receita garantem que, mesmo em operação padrão, medicamentos estão sendo liberados com rapidez, sem restrições. O mesmo asseguram os técnicos da Anvisa, órgão que foi obrigado, pelo Superior Tribunal de Justiça, a manter pelo menos 70% da mão de obra a postos. As queixas dos empresários, no entanto, são gerais. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), 130 das 400 empresas associadas já foram afetadas pela greve. Ontem, a entidade entrou na Justiça, para obter a liberação de produtos que independem de inspeção.
Fonte: Correio Braziliense
Imagem: Integracaobrasil.blogspot.com