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Ribeirão testa nova técnica para tratar hemofílicos tipo A

11/01/2013

Ribeirão testa nova técnica para tratar hemofílicos tipo A

Professor Dimas Tadeu Covas faz pesquisas no Centro de Hemoterapia

Bete Cervi

A técnica revolucionária foi produzida por meia de engenharia genética no Centro de Terapia Celular do Hemocentro da USP

RIBEIRÃO PRETO

Pesquisadores do Centro de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto da USP, interior de São Paulo, desenvolveram uma técnica capaz de revolucionar o tratamento disponível no País dos cerca de nove mil portadores da hemofilia do tipo A.

Trata-se do fator VIII recombinante (rhFVIII), produzido por meio de engenharia genética à base de células humanas. A patente está registrada.

A hemofilia A é uma doença genético-hereditária que se caracteriza pela desordem no mecanismo de coagulação do sangue, com uma deficiência do fator VIII. Independente da gravidade da doença, o tratamento para essa população é necessariamente feito pela reposição do fator VIII (concentrados de fatores de coagulação do sangue).

Dois métodos

O fator VIII de coagulação oferecido à população no tratamento de hemofilia A pode ser obtido por dois métodos: pelo plasma humano ou por engenharia genética. O Brasil importa medicamentos da França, investindo paralelamente em projeto de plasma humano que não suprirá a necessidade dos hemofílicos brasileiros.

Já o estudo do Hemocentro de Ribeirão disponibiliza pesquisa de tecnologia inédita no país para o tratamento de hemofilia A.

No Brasil, atualmente, o tratamentos é realizado com os fatores VIII e IX purificados a partir do plasma de pessoas normais. Essa estratégia é inadequada por duas principais razões: o risco a infecções e a necessidade de uma grande demanda de plasma de doadores sanguíneos normais, sendo que a demanda disponível no momento é inferior a essa necessidade.

Hereditária ou adquirida

Doença hemorrágica hereditária ou adquirida, caracterizada pela ausência de várias proteínas no sangue responsáveis pelo processo de coagulação, a hemofilia A se manifesta em homens, sendo a mulher portadora do gene defeituoso, responsável pela transmissão hereditária.

De acordo com o coordenador do estudo, o professor Dimas Tadeu Covas, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, a produção do rhFVIII poderá suprir a demanda para garantir a qualidade de vida dos pacientes e conter os sangramentos, passando o país de importador de concentrados plasmáticos, originados da França e Itália, para exportador do produto.

"O uso do Fator VIII de coagulação a partir do fracionamento plasmático não representa solução para a autossuficiência nacional. Pelo contrário, é um investimento elevado na compra de uma tecnologia ineficiente e que vem se tornando rapidamente obsoleta", conta o coordenador do estudo.

A descoberta da USP pode garantir a autossuficiência do Brasil, que segundo o Ministério da Saúde, gastou R$ 522 milhões nas importações do Fator VIII em 2011, além de diminuir a dependência por doações de sangue para a obtenção de plasma e permitir seu uso de forma preventiva com doses semanais, segundo o professor Dimas Tadeu Covas, coordenador do estudo.

"Isso pode ser feito em uma grande escala para atender as necessidades dos pacientes", afirmou o pesquisador, após obter resultados positivos com camundongos modificados geneticamente que tinham hemofilia. Depois de os ratos ingerirem o novo Fator VIII, eventuais sangramentos provocados neles foram rapidamente estancados.

"O produto que desenvolvemos tem o mesmo desempenho ou até mesmo superior em algumas situações. Então se mostrou efetivo na proteção desses ratinhos", disse. O próximo passo antes de tornar o Fator VIII disponível para o tratamento de hemofílicos é testá-lo em humanos e conseguir apoio financeiro para sua produção em grande escala.

Fonte: Cofen.com

Imagem: Cofen.com