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‘Foi preconceito’, diz protagonista de campanha de prevenção à Aids

12/06/2013

‘Foi preconceito’, diz protagonista de campanha de prevenção à Aids

Após polêmica, Nilce Machado quer que imagens de prostitutas sejam retiradas do ar pelo Ministério da Saúde

Peça da campanha do Ministério da Saúde que foi retirada do ar Reprodução

RIO — Uma das protagonistas da polêmica campanha publicitária do Ministério da Saúde de prevenção à Aids, Nilce da Silva Machado, de 53 anos, classificou como preconceituosa a atitude do governo federal em retirar ao ar as peças com a frase “Sou feliz sendo prostituta”. Ela e outras três prostitutas enviaram na tarde desta terça-feira uma notificação extrajudicial ao ministério conforme informou a coluna do Ancelmo Gois. No documento, o grupo pede a revogação da autorização de uso de imagem e exigem a imediata suspensão das outras peças publicitárias em que aparecem.

— Houve pressão religiosa e moral. Foi um preconceito. O ministério mudou todo o material da campanha. Então, o que eu fui fazer lá? Não houve respeito. Tenho família — afirmou Nilce, coordenadora da ONG Núcleo de Estudos das Prostitutas de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Em nota publicada na internet, a Rede Brasileira de Prostitutas argumentam que ocorreu “radical mudança” na campanha original, que deixou de privilegiar “o enfrentamento do estigma e preconceitos como estratégia de prevenção às DST e Aids” para focar-se apenas no incentivo ao uso da camisinha, tornando-se “higienizada e descontextualizada”.

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“A proposta era reafirmar o entendimento, já consolidado técnica e politicamente, de que, para além das questões e informações biomédicas, o gozo de direitos básicos, autoestima e cidadania constitui condição imprescindível para a promoção da saúde, especialmente em grupos considerados sob maior vulnerabilidade social em razão do estigma, preconceito e discriminação social”, diz a notificação.

— Foi um absurdo, uma hipocrisia e um retrocesso. Na verdade, um falso moralismo. O Ministério da Saúde não tem mais o direito de usar a nossa imagem — ressaltou Tina Rovira, outra integrante da ONG Núcleo de Estudos das Prostitutas de Porto Alegre.

Segundo a ONG Beijo da Rua, o Ministério da Saúde retirou do ar peças que tratam de felicidade (“sou feliz sendo prostituta”), de cidadania (“o sonho maior é que a sociedade nos veja como cidadãs) e da luta contra a violência (“não aceitar as pessoas da forma que elas são é uma violência”), deixando apenas as que associam prevenção com camisinha.

Após o início da divulgação da campanha no início do mês, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, determinou a demissão do diretor do departamento responsável pelas peças, Dirceu Greco. A campanha foi criada pelo Departamento de DSTs, Aids e Hepatites Virais do ministério, chefiado por Greco, em uma oficina com as profissionais do sexo em João Pessoa (PB), em março deste ano. Segundo o ministério, a propaganda não atendia o foco da campanha, que era a saúde dessas profissionais.

Procurado pelo GLOBO, o Ministério da Saúde afirmou que só vai se manifestar quando for notificado oficialmente."

Fonte e Imagem: Oglobo.com