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Professores da rede estadual do RJ serão avaliados e receberão bônus

22/11/2012

Professores da rede estadual do RJ serão avaliados e receberão bônus

22 de novembro de 2012 | 2h 02

CLARISSA THOMÉ , RIO - O Estado de S.Paulo

Pela primeira vez, os professores da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro serão avaliados individualmente e receberão uma gratificação de acordo com o domínio da matéria em que são titulares.

A Secretaria Estadual de Educação instituiu a certificação dos professores em três níveis - no topo da carreira ficarão aqueles que tiverem demonstrado a capacidade de aplicar esses conhecimentos na prática, além de terem boa didática e conhecimentos de pesquisa.

A bonificação será de R$ 500 a R$ 2 mil mensais para os docentes que cumprem carga horária de 16 ou 22 horas e entre R$ 1 mil e R$ 4 mil para os que trabalham 30 ou 40 horas semanais.

A medida foi criticada pelo sindicato da categoria, que acusa o Estado do Rio de substituir o reajuste para todos os professores pela gratificação, que beneficia somente alguns.

O processo de certificação será facultativo. No ano que vem, todos os docentes que se inscreverem farão prova para o nível 1. Os que tiverem mais de 80% de aproveitamento na prova objetiva e na redação poderão receber a gratificação.

Aqueles que não obtiverem a pontuação mínima podem fazer um curso de aperfeiçoamento de dez meses, com uma bolsa mensal de R$ 300. Para os aprovados, a certificação vale por cinco anos.

"Queremos que o professor se mantenha atualizado, busque a formação continuada, o aprimoramento para que lá na frente esteja ministrando uma aula melhor", afirma o subsecretário de gestão de pessoas da Secretaria de Estadual de Educação, Luiz Carlos Becker. "Também é uma forma de atrair bons professores e reter talentos", complementa ele, que também lembra que países como Chile, Singapura e França têm programas de certificação de professores.

Níveis superiores. Em 2014, tem início a certificação para o nível 2. Os professores que já demonstraram domínio da matéria na prova de nível 1 terão, no novo processo, de se deparar com casos práticos. "Ele vai mostrar se sabe aplicar o assunto no dia a dia. Vai se deparar com questões que tratam de dificuldades na turma, como solucioná-las. É o cotidiano na sala de aula", explica Becker.

Já para obter a certificação de nível 3, o professor terá de dar uma aula diante de uma banca examinadora. Se aprovado, ele será uma espécie de referência para os demais docentes da mesma matéria. "Ele vai preparar novos professores, até mesmo com o uso de videoaulas", diz.

Críticas. A professora Maria Beatriz Lugão, integrante da diretoria do Sindicato Estadual de Profissionais de Educação (Sepe-RJ), diz que os professores já são certificados quando aprovados em concurso público. "É uma coisa absurda. O Estado não dispensa o professor para fazer mestrado, doutorado, mas cobra aprimoramento", critica.

Ela diz que não há previsão no orçamento de 2013 para o reajuste do salário dos professores. "Não dar reajuste salarial é uma forma de obrigar todo mundo a se inscrever. Bonificação não é política para toda a rede. Estamos estudando uma saída jurídica", declara.

Becker afirma que o concurso "não garante nem obriga" que o professor se atualize. "Ele pode dar a mesma aula de 15 anos atrás. E temos reclamações de pais e alunos. Concurso mostra quem é bom em prova. A pessoa vem para a escola e não tem didática, não sabe planejar uma aula, tem dificuldade de relacionamento. E nada disso é pego em concurso", exemplifica.

A doutora em políticas públicas e planejamento em educação Bertha do Vale, professora da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), vê a certificação como uma medida positiva. "O professor tem de se atualizar e (o bônus) é um estímulo para que busque o aprimoramento. Muitos nem sequer leem jornal, não têm e-mail", completa.

Fonte: Estadao.com

Imagem: Estadao.com