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'Problema da saúde é basicamente financeiro', diz ex-ministro da saúde

10/07/2013

"'Problema da saúde é basicamente financeiro', diz ex-ministro da saúde

Para Adib Jatene, o Brasil gasta na saúde quatro vezes menos que na Inglaterra. O médico acredita que o curso de medicina precisa de uma reformulação do currículo.

De nada adiantaram os protestos dos médicos. O governo Federal não só manteve seus planos de importar profissionais de outros países, como decidiu adotar uma medida ainda mais controversa: vai ampliar os cursos de medicina de seis para oito anos.

Nesses dois anos adicionais, os estudantes terão de trabalhar no SUS, Sistema Único de Saúde. A novidade, de acordo com o Ministério da Saúde, resolve dois problemas: a falta de médico do SUS e a formação deficiente de boa parte dos estudantes de medicina.

As entidades médicas reprovaram de imediato a iniciativa, que consideram autoritária, uma espécie de serviço civil obrigatório, ainda que disfarçado. Mas fica a questão: faltam médicos ou o estado calamitoso de saúde pública tem outras causas, como a falta de recursos e a ineficiência administrativa? O programa ‘Mais Médicos’ nasceu graças a uma Medida Provisória, e tem tudo para gerar debate turbulento no congresso. O ministro da Saúde disse que o momento de discutir o tema é agora.

O médico e ex-ministro da Saúde, Adib Jatene, avalia que é preciso um pré-requisito para a residência médica de forma que haja uma mudança no ensino e que o curso de medicina prepare o médico para ter conhecimentos básicos das diversas especialidades. "As escolas no Brasil hoje estão formando candidatos à residência e isso estimula a especialização precoce", comenta Jatene.

Já o diretor da Escola Paulista de Medicina, Antônio Carlos Lopes, acredita que essa proposta do governo é uma tentativa de usar o aluno como mão de obra, o que para ele seria inviável. "As médicas não têm competência nem condições de dar esse acompanhamento a esses alunos", afirma Lopes. O diretor defende que o currículo do curso de medicina seja mais humanístico, centrado na comunidade e que contemple durante a grade esse estágio na rede pública, mas sem precisar de dois anos a mais.

Jatene cita outro grande problema da saúde pública no Brasil: "o problema da saúde é basicamente financeiro, nós gastamos muito pouco no setor". Segundo o ex-ministro, o Brasil gasta U$ 900 per capita por ano na saúde, dos quais 44% são para o serviço público. Esse número representa quatro vezes menos do que é gasto em um país como a Inglaterra."

Fonte e Imagem: Oglobo.com