Por 33 votos, aulas continuam
25/08/2012
Por 33 votos, aulas continuam
Assembleia concorrida determina, em placar apertado, a manutenção das atividades na UnB. Mais uma vez, houve confusão e polêmica
A incerteza sobre o fim da greve dos professores da Universidade de Brasília acabou ontem por uma diferença de apenas 33 votos. Uma semana depois de decretado o término do movimento, em uma assembleia que gerou dúvida e indignação em muitos docentes, uma nova reunião confirmou o retorno às atividades. Mais de 900 professores se reuniram no Teatro de Arena e, por 478 votos contra 445, ficou confirmado o fim da paralisação que durou 89 dias. Apesar de a contagem dos votos ter sido realizada por dois professores, um contra e outro a favor da greve, o resultado foi contestado, com uma pequena confusão ao fim do encontro.
Marcada para as 9h30, a assembleia começou com atraso de uma hora. Por volta das 10h, muitos professores ainda chegavam ao local. O evento ocorreu ao redor de uma grande estrutura, com tendas, 1,2 mil cadeiras e distribuição de água e suco. Apenas docentes puderam entrar no espaço, após serem identificados e terem recebido um cartão verde, levantado durante a contagem dos votos. Muitos estudantes acompanharam o processo do lado de fora. Informes e discursos antecederam a votação, que começou às 12h.
Apesar da tranquilidade inicial, após o resultado, houve uma confusão por conta de uma diferença entre o número de presentes e o de assinaturas. Pouco antes de começar a deliberação, um dos integrantes da Associação dos Docentes da UnB (AdUnB), presidente da reunião, anunciou que 870 docentes haviam assinado a lista de presença. No entanto, o resultado indicou 923 votantes. O diretor da AdUnB Rafael Morgado afirmou que muitos não se registraram na entrada da reunião, o que teria gerado a confusão. "O número de pessoas presentes na assembleia de ontem foi um recorde, a maior da história da associação. Foram 933 assinaturas, o que excede em 10 pessoas o número de votos. Não há como questionar isso", defendeu.
Contagem
O professor de filosofia Rodrigo Dantas, integrante do Comando Local de Greve (CLG), colaborou com a apuração e acredita que muitos colegas votaram mais de uma vez no encontro. "Isso ficou na cara de todo mundo. A gente não teve direito a recontagem, que poderia ter sido feita com os cartões. Todos estão convictos de que houve um golpe", reclamou.
A vice-presidente da AdUnB, Thèrese Hofmann, negou as acusações. "A assembleia é legítima. Havia uma lista de presença do lado de fora, além de um livro. Só estava do lado de dentro quem era professor. Havíamos anunciado uma previsão de pessoas presentes e ainda havia gente entrando. Não foi uma contagem um a um", disse.
Fonte: Correio Braziliense