Pelo fim da negligência no Hospital da Mulher
28/02/2013
"Pelo fim da negligência no Hospital da Mulher
É preocupante o nível de negligência da Prefeitura de Araçatuba com o Hospital da Mulher. Palco de 16 mortes de bebês ao longo de 2011, o local que misturava pedreiros, serventes e material de construção com a presença de médicos e gestantes até hoje não foi devidamente moralizado, como mostra manifestação do Ministério Público. O descaso chega a ser estarrecedor.
Reportagem publicada na quarta-feira (27) pela Folha da Região revela que o promotor Joel Furlan acaba de ingressar com ação na Justiça para obrigar a Prefeitura a cumprir sua mera obrigação de fazer adequações no prédio e eliminar todos os riscos que são de inteiro conhecimento do prefeito Cido Sério (PT). O Ministério Público exige providências, sob pena de multa diária de R$ 10 mil, enquadramento do prefeito por improbidade e até fechamento do hospital.
O MP aponta desatualização de dados de profissionais médicos, licença da Vigilância Sanitária, vistoria do Corpo de Bombeiros, comissões de Ética Médica, Revisão de Prontuário e Revisão de Óbito, ausência de pronto-atendimento, ausência de pediatras e obstetras em atuação presencial, falta de UTI neonatal, salas do centro cirúrgico desativadas, maternidade sem ultrassonografia e ausência de desfibrilador cardíaco na enfermagem.
Esse extenso e intrigante rol de exigências foi listado pelo promotor com base em apontamentos do Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) e Coren (Conselho Regional de Enfermagem). Na ação, Furlan afirma que houve um descaso da administração pública em relação à implementação de equipamentos, aperfeiçoamento e trato com a higiene no Hospital da Mulher .
Conforme o promotor destaca, em sintonia com o que a população sente na pele, o prefeito teve um mandato inteiro (2009-2012) para sanar os problemas, estando ciente, desde o início, da situação do estabelecimento de saúde . De forma lacônica, o máximo que a Prefeitura se permitiu responder, na reportagem, foi afirmar, via assessoria de imprensa, que se manifestará a partir do momento em que for citada .
Obviamente, lá atrás, a sindicância que a Prefeitura abriu para investigar as mortes dos bebês acabou arquivada pela Secretaria Municipal de Saúde por entender que não houve conduta indevida de médicos nem qualquer outro erro, como no acompanhamento pré-natal, por exemplo. Ou seja: para morrer, basta estar vivo e, no caso em questão, basta ser feto. A população de Araçatuba não merece tanta mediocridade."
Fonte: Cofen.com
Imagem: Cofen.com