Parto de lótus oferece ‘transição suave’ para bebês
13/12/2013
"Parto de lótus oferece ‘transição suave’ para bebês
12/12/2013 14:54
Por Redação, com BBC - de Londres
Um crescente número de mulheres vem adotando uma forma diferente de dar à luz, em que o contato do bebê com a placenta é preservado por alguns dias após o nascimento: o parto de lótus. Muitas das mães que optaram pela nova alternativa acreditam que a manutenção da ligação à placenta traz benefícios espirituais aos bebês.
Na prática, a placenta, expelida pela mãe após o nascimento, permanece ligada ao recém-nascido através do cordão até que este se solte sozinho, naturalmente. Para críticos, entretanto, manter a placenta por dias pode causar sérias infecções no bebê.
Experiência diferente
A britânica Holly Lyne tem 31 anos e é escritora. Há dois anos, grávida de seu segundo filho, ela optou pelo parto de lótus.
– O meu primeiro parto foi muito traumático. E durante a segunda gravidez eu estava determinada a ter uma experiência diferente. Eu fiz várias pequisas durante a gravidez e o parto de lótus me pareceu uma transição suave para o bebê, do útero para o mundo exterior – disse Lyne a jornalistas.
Diferente da maioria das mulheres que optam pela alternativa, Lyne não teve um parto normal ou natural (sem anestesia). Depois de horas em trabalho de parto em casa, acompanhada da parteira Debbie Rodhes, Lyne precisou ser levada ao hospital e submetida à uma cesariana de emergência.
Ela lembra que quando chegou no hospital e apresentou seu birth plan (plano de nascimento, em tradução livre) – um protocolo comum na Grã-Bretanha, em que mãe explica exatamente como deseja o parto – houve uma certa resistência por parte dos médicos em relação a escolha pelo parto de lótus.
– No início eles ficaram relutantes pois não sabiam como proceder. Mas a Debbie estava lá para me dar apoio e explicar passo a passo o que deveria ser feito – lembra.
Apesar de ter sido submetida à uma cirurgia, Lyne deixou o hospital no dia seguinte, e foi pra casa acompanhada de Alfie e sua placenta. Rodhes disse que nos últimos 9 anos, dos 260 partos que assistiu, 25 foram feitos seguindo a técnica do parto de lótus.
Polêmica
O parto de lótus causou polêmica recente no país quando obstetras expressaram grande preocupação em relação à prática, dizendo que deixar o cordão umbilical no recém-nascido por cerca de sete dias – o tempo médio que demora para o cordão se soltar – pode resultar em infecções sérias para o bebê.
– Nós estamos conscientes que muitas mulheres estão optando por não cortar o cordão umbilical, e isso é algo que nós não aconselhamos – disse à agência britânica de notícias BBC o obstetra Patrick O’Brian, porta-voz do Royal College of Obstetricians and Gynaecologists (RCOG).
No entanto, não existem números ou estudos publicados que possam ser usados para justificar ou condenar a prática.
– O número de pessoas que optam pelo parto de lótus é pequeno, e por isso eu não conheço nenhum caso de infecção. Mas o perigo está lá, pois logo após o parto a pulsação é interrompida e a placenta permanece cheia de sangue, um ambiente favorável ao desenvolvimento de infecções – disse o obstetra.
Em um comunicado, a RCOG afirma que, “pela inexistência de pesquisa sobre a técnica de lótus (nova na Grã-Bretanha) não há nenhuma prova médica de que a manutenção da placenta traga algum benefício aos recém-nascidos”."
Fonte: Correio do Brasil
Imagem: Vila Mamífera