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País piora em índice de mortes nas pistas

19/03/2013

"País piora em índice de mortes nas pistas

Especialistas afirmam que meta de redução dificilmente será atingida, apesar dos avanços na legislação brasileira

JULIA CHAIB

Usado para avaliar o progresso da Década de Ação pela Segurança no Trânsito, meta estabelecida pelas Nações Unidas, de reduzir em 50% o número de acidentes fatais no mundo de 2011 até 2020, relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que o Brasil faz parte de um grupo de 87 países que concentra 80% das mortes no trânsito mundial. O levantamento foi feito com 182 nações e traz números de 2010. A comparação com o mesmo estudo divulgado em 2009, com dados de 2007, indica que o Brasil não apresentou avanço nos três anos que separam uma pesquisa da outra e viu a taxa de mortos no trânsito crescer 22,9%. Os dados do relatório são do Ministério da Saúde, considerando as estatísticas de 2010 - os mais recentes disponíveis.

De acordo com especialistas, caso não sejam tomadas medidas eficientes, acidentes como os cinco que aconteceram no Distrito Federal no fim de semana, levando à morte de pelo menos quatro pessoas, entre eles um bebê, continuarão ocorrendo com frequência pelo país. Uma das conclusões do relatório é que entre 2007 e 2010 as mortes no trânsito diminuíram em cerca da metade dos países, mas aumentaram principalmente nos de baixa e média renda, como o Brasil.

Embora a quantidade de acidentes fatais no mundo não tenha aumentado, a OMS ainda considera os números muito altos: 1,24 milhão por ano. No Brasil, os dados foram consolidados por um grupo liderado pelo Ministério da Saúde, com especialistas de diferentes setores.

Para o sociólogo especialista em trânsito Eduardo Biavati, é preciso criar outras estratégias de combate. "O recado é que, apesar de o Brasil fazer parte do grupo de países que tem uma série de legislações, a lei sozinha não resolve. É preciso fiscalizar e ter um acompanhamento das causas dos acidentes." Ele sugere a criação de um observatório para apurar melhor as mortes no trânsito, a exemplo do existente na Argentina, que reúne motivos como "ultrapassagem e álcool". "No Brasil, os melhores dados que temos são os do Ministério da Saúde, mas eles não levam em conta as causas exatas do acidente. Quando se apura melhor o problema, fica mais fácil pensar em soluções." A coordenadora de Educação no Trânsito do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Cristina Hoffmann, adiantou que já foi assinado um termo com a Universidade Fluminense para a criação de um observatório.

Efetividade

Na opinião do professor da Universidade de Brasília (UnB)especialista em trânsito Paulo Cesar Marques, o grupo de países no qual o Brasil está incluído mostra que o país avançou em termos de legislação, mas a efetividade dessas leis não é considerada boa. "Para a OMS, a partir de oito a nota é considerada boa, mas a maioria de nossas notas foram seis", diz. "Tivemos bons avanços, como a criação da lei seca, mas é preciso fiscalizar", avalia.

Cristina Hoffmann diz que o Brasil está implementando uma série de ações para diminuir os acidentes fatais. "Estamos trabalhando a alteração na legislação, distribuição de bafômetro e implantação do simulador de quatro rodas", conta. Em 2010, a maior parte das mortes no trânsito envolveram motociclistas, de acordo com o Mapa da Violência, organizado pelo Instituto Sangari. Em segundo lugar, motoristas de caminhão e, em terceiro, de automóveis, segundo a mesma fonte.

Colaborou Adriana Bernardes

Lei seca

Desde 20 de dezembro de 2012, a lei seca ficou ainda mais rígida. Sancionada pela presidente Dilma Rousseff, a nova versão prevê a utilização de outros meios para comprovar que o condutor está alcoolizado, como exame clínico, perícia, vídeo e prova testemunhal. Além disso, o valor da multa aumentou de R$ 957,70 para R$ 1.915,40. Em caso de reincidência, os valores dobram."

Fonte e Imagem: Cofen.com