Ônibus é 10% do gasto familiar no Rio
18/06/2013
"Ônibus é 10% do gasto familiar no Rio
Autor(es): Nice de Paula
O Globo - 18/06/2013
Percentual é mais alto que o de São Paulo e o da média do país
O gasto com passagens de ônibus no Estado do Rio chega a consumir quase 10% do orçamento das famílias com renda de até R$ 3,4 mil mensais. É o que mostra a composição do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do IBGE, segundo o qual as tarifas de ônibus urbanos têm peso de 9,92% no Rio, 6,26% em São Paulo e 5,12% no resultado geral do país. O INPC mede o custo de vida das famílias com renda de até cinco salários.
- Esse peso indica o quanto do orçamento total é destinado a cada despesa. É baseado na Pesquisa do Orçamentos Familiares (POF), que analisa todos os gastos, com tudo. No Rio, o peso está mais alto - diz Irene Machado, gerente de Pesquisas do IBGE.
Os especialistas não têm explicações precisas sobre a passagem de ônibus pesar mais no bolso do morador do Rio do que no de São Paulo, mas há algumas indicações. Uma delas é o grande peso do ônibus na composição do transporte público da cidade, sobretudo para os trabalhadores de renda mais baixa.
- A presença de outros meios de transporte (metrô, trem, barca) pode reduzir o peso do ônibus urbano no orçamento familiar. Algumas cidades têm meios de transporte que oferecem concorrência ao ônibus. Nesses casos, é provável que o ônibus comprometa menos a renda das famílias - diz o economista André Braz, responsável pelos índices de preços ao consumidor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
Outra razão é fato de as linhas de ônibus do Rio serem muito segmentadas, o que exige o uso de mais de um embarque durante um único trajeto, lembra Luis Otavio Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil. Um morador da Região Metropolitana pode precisar de até três ônibus: se vai até a Zona Sul do Rio, pegará um ônibus de casa ao centro do seu município, um dali até a Central do Brasil e outro até o destino final. Além disso, a última POF , base para o cálculo do peso do transporte, foi feita antes da criação do bilhete único.
Os transportes públicos, assim como os alimentos, consomem proporcionalmente uma fatia maior do orçamento das famílias mais pobres do que daquelas com renda mais alta, onde há outros itens, como escolas privadas, planos de saúde, gastos com carro e seguros, pesando mais. No IPCA, índice do IBGE que mede a inflação para famílias com ganho de até 40 salário mínimos, o peso dos ônibus fica menor: 2,71%. Ainda assim, para o morador do Rio, a fatia é mais alta - 4,65% - do que para quem vive em São Paulo - 2,75%.
Além do peso no orçamento, ao longo dos anos as tarifas dos ônibus têm aumentado mais do que a inflação. Do início de 2003 até maio deste ano, o IPCA, que é a inflação oficial do país, acumulou alta de 81,71%, e as passagens de ônibus municipais subiram 113,21%. Já os aumentos deste ano do Rio e de São Paulo, alvos dos protestos, ainda não impactaram a inflação, porque só serão captados pelo índice de junho, que ainda não foi divulgado.
- A tarifa de ônibus tem componente político importante. Em geral, em ano de eleição municipal não há aumento. Quando o prefeito novo assume, reajusta, e nos anos seguintes aumenta com certa folga para garantir que não haja reajuste no último ano de seu governo - explica Leal."
Fonte: Oglobo.com
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