No Brasil, exame custa até R$ 9 mil
15/05/2013
"No Brasil, exame custa até R$ 9 mil
A decisão de Angelina Jolie de fazer uma mastectomia dupla para reduzir suas chances de ter câncer de mama provocou debate em todo o mundo e suscitou dúvidas sobre como proceder em casos semelhantes. A atriz americana, que sofreu vendo a mãe, Marcheline Bertrand, lutar contra um câncer de ovário e morrer aos 56 anos, fez um exame específico, o sequenciamento completo dos genes BRCA1 e BRCA2, que acabou sendo decisivo para a cirurgia. Com o resultado em mãos, os médicos de Angelina estimaram um risco muito alto para ela: 87% de chances de desenvolver câncer de mama e 50% de ter a doença no ovário.
Estudos mostram que as mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 estão associadas ao alto risco de câncer de mama e ovário. Estima-se que, desde 1996, cerca de 1 milhão de pessoas fizeram o mesmo exame de sangue de Angelina, pelo qual ela pagou US$ 3 mil. No Brasil, o teste pode ser feito em laboratórios particulares e custa entre R$ 3 mil e R$ 9 mil. O exame não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e não é coberto por planos de saúde. Para a realização do teste, não é necessário jejum. O resultado demora até 30 dias úteis. Especialistas alertam:
- É preciso muito critério nesse caso. Este é um exame que não pode ser feito indiscriminadamente, e só deve ser indicado por um médico geneticista que tenha pesquisado se existe histórico familiar ou pessoal de câncer de mama e ovário entre uma faixa etária baixa ou se há muitos casos da doença entre parentes diretos - explica José Luiz Bevilacqua, cirurgião oncológico e mastologista do Hospital São Luiz, em São Paulo.
São casos muito específicos, como o da técnica de enfermagem Élida Aparecida dos Santos, de 54 anos. Há um ano, ela descobriu uma neoplasia atípica durante uma mamografia. Ainda não era um câncer, e o tratamento poderia ser feito com medicamentos e acompanhamento a cada seis meses. Mas, com um histórico familiar que não favorecia - a irmã mais velha teve câncer de mama aos 55 anos -, ela optou pela retirada das mamas em dezembro passado, mesmo com o exame negativo para mutações BRCA1 e BRCA2.
- Eu não conseguiria conviver com um câncer, emocionalmente seria pior para mim - explica ela, que diz que as redes familiar e social e as sessões de terapia foram fundamentais para a decisão.
Quando acordou, Élida não teve o impacto de se ver sem os seios, já que na mastectomia preventiva a colocação do silicone é feita imediatamente. O baque foi a cicatriz. No período pós-cirúrgico, ela conta que ficou uma semana toda enfaixada, dois meses sem mexer os braços e sem sentir absolutamente nada.
No Brasil, dados do Ministério da Saúde mostram que em 2012 houve 52.680 casos de câncer de mama, sendo o mais incidente em mulheres. Tumores na mama lideram o ranking de mortes entre as mulheres. Em 2010, foram 12.852 mortes. Segundo tipo mais frequente no mundo (só perde para o tumor de pulmão), o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, respondendo por 22% dos casos novos a cada ano. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama são altas, provavelmente por causa do diagnóstico tardio. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%.
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O que é mastectomia preventiva e que tipos de procedimentos são usados nela?
É a remoção cirúrgica de um ou ambos seios para prevenir ou reduzir os riscos de um câncer de mama. Ela pode ser total ou subcutânea.
Na total, o médico remove todo o seio e o mamilo. Na subcutânea, ele remove o tecido mamário, mas deixa o mamilo intacto. Os médicos geralmente recomendam uma mastectomia total porque ela remove mais tecido do que uma subcutânea, dando maior proteção contra o câncer em qualquer tecido restante.
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Por que uma mulher deve pensar em fazer uma mastectomia preventiva?
Mulheres com alta chance de desenvolver câncer de mama devem considerar a mastectomia preventiva como uma maneira de reduzir os riscos da doença. Entre os fatores que podem aumentar as chances estão: câncer de mama prévio, que aumenta as chances de desenvolver um novo câncer no seio oposto; histórico familiar de câncer de mama, o que faz da operação opção para uma mulher cuja mãe, irmã ou filha teve câncer de mama, especialmente se elas foram diagnosticadas antes dos 50 anos; e alteração de genes causadoras de câncer de mama, ou seja, quando há um resultado positivo em testes para mutações em certos genes que aumentam o risco de câncer de mama (como o BRCA1 ou o BRCA2).
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Quão efetiva é a mastectomia preventiva na redução do risco de câncer de mama?
Os dados existentes sugerem que ela pode reduzir em cerca de 90% as chances de um câncer de mama em mulheres com risco médio e alto.
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Quais são as desvantagens da mastectomia preventiva?
Como todas as cirurgias, podem ocorrer complicações como sangramentos e infecções. Além disso, a mastectomia é irreversível e pode ter efeitos psicológicos devido a mudanças na imagem corporal e perda das funções normais dos seios.
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Que alternativas existem à mastectomia para reduzir o risco de câncer de mama?
Alguns médicos podem aconselhar monitoramento constante (mamogramas periódicos, avaliações regulares que incluam exame clínico dos seios por um profissional de saúde e autoexames mensais) para aumentar as chances de detectar o câncer em estágio inicial."
Fonte e Imagem: Cofen.com