Mísseis matam 82 sírios na Universidade de Aleppo
16/01/2013
Mísseis matam 82 sírios na Universidade de Aleppo
O Globo - 16/01/2013
A cidade está sitiada desde julho do ano passado. Mas os moradores da capital econômica da Síria sofreram seu mais duro golpe ontem, quando uma série de explosões provocada por mísseis atingiu a Universidade de Aleppo, reaberta em outubro, apesar dos combates intermitentes no milenar centro urbano. Ativistas do Observatório Sírio de Direitos Humanos denunciaram a morte de pelo menos 82 pessoas. Outras dezenas ficaram feridas. Em paralelo, governo e oposição se acusavam mutuamente pelo ataque ao campus, situado num bairro ainda controlado pelas forças leais ao regime de Bashar al-Assad.
ASSAD ESTARIA VIVENDO EM NAVIO RUSSO
Segundo ativistas antigoverno, o prédio mais atingido foi o dos dormitórios - que, além de abrigar estudantes, fora transformado ainda em lar para centenas de sírios deslocados pela guerra. Os edifícios da Faculdade de Arquitetura e de Ciências Sociais também teriam sido danificados.
- O balanço do atentado terrorista, que teve como alvo nossos estudantes no primeiro dia de provas, chega a 82 mártires e mais de 160 feridos - afirmou o governador Mohammad Wahid Akkad à TV estatal.
Em Nova York, o embaixador sírio nas Nações Unidas, Bashar Jaafari, denunciou um "ato covarde de terrorismo" e confirmou o número de vítimas durante um debate sobre contraterrorismo. O governo Assad culpou a oposição pelo ataque que acabou acertando erroneamente o campus. Mas rebeldes do opositor Exército Livre da Síria (ELS) asseguram que os disparos foram feitos pelas forças do regime. Diante da guerra de informação, um dos principais grupos ativistas, os Comitês de Coordenação Local, divulgaram na internet um vídeo que sugeria um bombardeio de aeronaves do regime contra a universidade. As imagens mostram estudantes deixando o local apressadamente após uma primeira explosão. A câmera, então, treme. E diante de um novo estrondo, as pessoas começaram a correr. A autenticidade do material, porém, não pôde ser confirmada.
- Aviões deste regime criminoso não respeitam mesquitas, igrejas ou universidades - acusou o estudante Abu Tayem.
Num sinal de que a crise na cidade síria atingiu, de fato, níveis sem precedentes, até o consulado da aliada Rússia decidiu paralisar suas atividades em Aleppo. Por outro lado, a diplomacia russa recusou ontem um apelo de 50 países para que o Conselho de Segurança da ONU denuncie o regime sírio ao Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, na Holanda, sob a alegação de que "a iniciativa é doente e contraproducente". Moscou vem protegendo o regime de uma ação mais contundente da ONU.
A paralisia diplomática, porém, continua fazendo vítimas - que, segundo as Nações Unidas, já ultrapassam 60 mil em quase dois anos de guerra. Somente ontem, 216 sírios teriam perdido a vida, incluindo 40 numa ofensiva do Exército contra a cidade de Homs. Houve, ainda, registro de confrontos intensos nos arredores da capital, Damasco.
O presidente, porém, já não estaria mais lá. Segundo o diário saudita "al-Watan", Bashar al-Assad, a mulher, Asma, e os três filhos estariam vivendo escondidos num navio de guerra russo atracado no Mar Mediterrâneo. A reportagem cita fontes da inteligência e diz que Assad se desloca de helicóptero quando precisa ir ao continente para encontros políticos no palácio presidencial e reuniões militares. A embarcação estaria sendo protegida por forças russas da Base Naval de Tartus. A publicação especula, ainda, que o esquema de proteção sinalizaria a disposição do governo russo de dar asilo à família Assad.
Fonte: Oglobo.com
Imagem: Noticias.uol.com.br