Minas tem 491 pacientes para cada médico
03/03/2013
"Minas tem 491 pacientes para cada médico
médico para cada grupo de 491 moradores. É essa relação que coloca Minas no último lugar do ranking feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Segundo a entidade, são 40.415 profissionais trabalhando para atender 19,8 milhões de mineiros. O Estado está atrás de todos os outros da região Sudeste, e a situação do interior é ainda pior .
No Rio de Janeiro, o melhor posicionado no ranking, há um médico para cada grupo de 278 moradores. Em países desenvolvidos, como Suíça e Alemanha, na Europa, a proporção é de um médico para 259 e 285 moradores, respectivamente. Já no Brasil, a taxa atual é de 533.
O problema em Minas se agrava quando são levados em conta pontos diferentes do Estado. No interior, a média é de 926 moradores para cada médico, marca pior que a da Bolívia (819) e da Colômbia (740), ambos na América Latina. Em contrapartida, há uma grande concentração desses trabalhadores em Belo Horizonte. Dos 40.415 profissionais no território mineiro, 15.376 estão na capital (38%), o que corresponde a um para cada grupo de 155 pessoas. Comparando com as outras capitais do Sudeste, Belo Horizonte está em segundo lugar, perdendo apenas para Vitória (ES), que tem um profissional para cada 93 habitantes.
"Os números mostram que não há déficit de médicos, mas, sim, uma má distribuição pelas regiões. Quanto mais distante dos grandes centros, menor o quadro", avalia o presidente do Sindicato dos Médicos de Minas Gerais (Sinmed-MG), Cristiano da Matta.
Um dos motivos da desigualdade, segundo ele, é a falta de estrutura e de tecnologia no interior. "Em muitas cidades, os centros de saúde são precários e vivem do improviso. Se não há investimento em saúde, o trabalho fica frustrante". A maior oferta de centros de estudos, trabalho e lazer também interfere na concentração dos médicos.
O ortopedista Gilberto Brandão, 45, é um dos que optaram pela capital. Ele se formou na Universidade Estadual de Montes Claros, mas preferiu exercer a profissão em Belo Horizonte. "Eu atuo na área acadêmica, publico artigos. Na ortopedia, essa opção só existe nas capitais", disse. Brandão também atua politicamente e já foi presidente da Sociedade Mineira de Ortopedia.
Estudo feito no ano passado pelo Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) mostrou que 63,62% dos médicos recém-formados têm esperança de ganhar mais de R$ 10 mil por mês. Para alcançar a meta, cerca de 60% deles têm até três empregos, o que inclui atendimento em consultório particular e plantões em hospitais e centros de saúde. "O profissional trabalha mais de 62 horas semanais para conseguir ganhar cerca de R$ 12 mil por mês", diz o presidente do conselho, João Batista.
A categoria batalha para conquistar a tabela salarial proposta pela Federação Nacional dos Médicos, de R$ 11 mil para 20 horas semanais.
Mesmo com a expansão das escolas de enfermagem em Minas passou de dez, na década de 80, para 110, atualmente , o número de profissionais ainda não é suficiente. De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG), o Estado tem hoje 36.557 enfermeiros, uma média de um para cada grupo de 543 habitantes. "O ideal seria pelo menos um para 150 pessoas, ainda mais considerando um profissional que precisa auxiliar o paciente 24 horas por dia", afirma o vice-presidente do conselho, Lúcio José Vieira.
Segundo ele, o déficit é maior no Norte de Minas, onde muitas cidades substituem os enfermeiros por técnicos e auxiliares. "Esses trabalhadores só podem atuar sob supervisão do enfermeiro. Mas percebemos que há muita irregularidade no interior", relata. O número de técnicos no Estado é 123% superior ao de enfermeiros. São 81.656 profissionais, uma média de um para 243 habitantes. Os auxiliares somam 33.594, um para 591.
Em comparação com outros Estados, Minas mantém o mesmo padrão de déficit de trabalhadores. O vice-presidente do Coren-MG acredita que a defasagem se deve, em parte, à extensa jornada de trabalho (são 40 horas semanais) e à baixa remuneração (um enfermeiro ganha entre R$ 1.000 e R$ 4.500). "A categoria precisa de condições mais satisfatórias para atuar", completa Lúcio Vieira. (LC)"
Fonte: Cofen.com
Imagem: Diariodonordeste.globo.com