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MEC foi sensato ao manter curso de medicina em 6 anos, diz USP

01/08/2013

"MEC foi sensato ao manter curso de medicina em 6 anos, diz USP

Governo desistiu da ideia de ampliar curso graduação para oito anos.
Residência médica será feita parcialmente na atenção básica do SUS.

A decisão do Ministério da Educação em desistir de estender o curso de graduação em medicina para oito anos agradou a reitores e diretores de faculdades. Nesta quarta-feira (31), o ministro Aloizio Mercadante disse que o curso segue sendo em seis anos, e os dois anos extras serão aproveitados como residência médica, na atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o primeiro em urgência e emergência, que tem caráter de especialização e atualmente não é obrigatória. Com isso, os estudantes de medicina não ficariam impedidos de se formar após os seis anos de curso.

José Otávio Costa Auler Júnior, diretor em exercício da Faculdade Medicina da Universidade de São Paulo (USPx), disse que a decisão do governo de revogar o aumento de oito para seis anos do curso de medicina foi uma “atitude sensata.” “O que o governo tinha proposto é impraticável (ampliar o curso de graduação de seis para oito anos). A maioria das faculdades ia estender o curso, mas não teria a infraestrutura necessária.”

Segundo Auler Júnior, a USP fará uma reestruturação do curso. Nos primeiros três anos, o estudante fará o ciclo básico, e nos três restantes, o internato, com a parte prática. “Haverá uma prática mais intensa para aumentar a exposição do aluno em programas de atenção básica.” A expectativa é de que as mudanças sejam colocadas em prática em 2015. Outra intenção da USP é facilitar o intercâmbio internacional entre os alunos.
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Repercussão
Diretor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Antonio Carlos Lopes considerou um ganho manter a graduação em medicina em seis anos, mas acha “uma pena mexer na residência médica”. Segundo ele, a graduação já é feita com trabalhos no SUS. “Isso daí vai representar em última análise uma mão de obra para o SUS, e a contribuição para o residente vai ser muito pequena para o seu aprendizado. Nas regiões afastadas não há nenhuma infraestrutura. A decepção pode ser grande e eles podem largar a medicina”, disse.

Presidente do Fórum Permanente de Dirigentes de Escolas Federais de Medicina (Formed), Lopes diz que vai apresentar ao governo propostas para melhorar o que foi anunciado pelo MEC. “Tem que aprimorar a residência médica da forma como ela está, e não tirar o residente para coloca-lo no SUS. Isso não vai trazer nenhuma contribuição para o médico nem para a comunidade.” Segundo ele, é preciso dar estrutura para o residente trabalhar e um acompanhamento sistemático feito pelo preceptor (tutor). “Médico sozinho não faz saúde. É preciso que haja enfermeiros, dentistas, fisioterapia, psicólogos, assistentes sociais.”

José Tadeu Jorge, reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), disse que prevaleceu o bom senso. “A universidade possui autonomia pedagógica, estamos falando de currículo e formação de profissionais. Ela tem competência para avaliar se dois anos a mais é bom ou não. A proposta teria que ser discutida, não anunciada como medida do Executivo".

Para Silvana Artioli Schellini, diretora da faculdade de medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp), recebeu a notícia com “muita satisfação”. Ela ressaltou, no entanto, que é preciso que o trabalho do residente nas áreas de urgência e emergência. “Todas as vezes que a gente trabalha com residência médica a gente pega na mão do residente e ensina como é o serviço. É uma formação pós-graduada. Pessoa precisa de um supervisor. Pela nova resolução, ele continua falando que é para instalar em pessoas em locais distantes, e não fala quem é que vai dar a supervisão. No setor de urgência e emergência não pode ser feita à distância”, afirma."

Fonte e Imagem: G1.globo.com