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Leitura de rótulo de alguns produtos industrializados pode revelar surpresas

16/03/2013

"Leitura de rótulo de alguns produtos industrializados pode revelar surpresas

O que os olhos não veem, nosso coração não sente, já dizia nossa avó. Mas em se tratamento de alimentação, é preciso tomar cuidado. Muitas vezes consumimos produtos industrializados sem nos dar o trabalho de ler o rótulo, mas uma simples passada de olhos na lista de ingredientes pode revelar algumas surpresas. Embora não apresentem risco à saúde, essas peculiaridades podem não agradar quem tem estômago mais sensível.

O problema maior é quando o ingrediente não está no rótulo, como no escândalo ocorrido recentemente na Europa. Vários países encontraram carne de cavalo em produtos industrializados, como hambúrgueres e lasanhas à bolonhesa. No continente, o consumo desse tipo de carne é comum. Mas a questão é que o item foi adicionado aos alimentos ilegalmente.

O inseto "Dactylopius coccus", conhecido como Cochonilha, é o que dá origem ao corante carmin, utilizado em alimentos diversos, como sorvetes, iogurtes e recheios de bolacha

Especialistas afirmam que a carne equina é até mais saudável do que a bovina - contém alto teor de proteína e baixo teor de gordura e de colesterol (comparável à do peito de frango). Além disso, é mais rica em ferro e tem mais ácidos graxos monoinsaturados. Apesar dessas vantagens, no Brasil seu consumo é insignificante. A maior barreira vista pelos produtores é cultural. "No Brasil, embora a venda de carne equina seja permitida por lei, o consumo é restrito a alguns nichos de mercado. Toda a produção é exportada, principalmente para Japão, França, Holanda e Bélgica", diz a engenheira de alimentos Ana Cecília Venturini, professora do Departamento de Exatas e Ciências da Terra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Carne com medicamentos Os especialistas apontam que o único risco do consumo da carne de cavalo é a falta de fiscalização. Isso porque alguns animais recebem medicamentos, que embora possam ser usados legalmente em cavalos, não deveriam ser utilizados naqueles destinados ao consumo humano. Sem a inspeção adequada, esses animais podem chegar à mesa do consumidor e causar problemas de saúde.

A carne equina é considerada muito saudável. Ela apresenta alto teor de proteína (aproximadamente 22,5%) e baixo teor de gordura intermuscular e intramuscular (entre 2% e 3%), só comparáveis à de peito de frango e peru. É considerada uma carne magra, pois sua concentração de colesterol (de 30mg à 40 mg por cada 100 g) é menor do que a de outras carnes, como a bovina e a suína. Além disso, a carne de cavalo é mais rica em ferro biodisponível (entre 2,21 mg a 2,27 mg por 100 g de filé) do que as carnes bovina e suína. Sua textura é mais firme e seu sabor característico é mais adocicado do que a carne de outras espécies.

"Em agosto do ano passado a Agência Canadense de Inspeção de Alimentos testou e encontrou a fenilbutazona (um não esteroide anti-inflamatório) no músculo e tecidos renais de cavalos. Também descobriu clenbuterol (um medicamento que pode 'imitar' esteroides anabolizantes). Neste contexto, os mecanismos para garantir a remoção de cavalos tratados com substâncias proibidas ao consumo humano são inadequados na melhor das hipóteses, representando um sério risco à saúde pública", alerta a engenheira. Porém, não é só a carne equina que pode apresentar esse risco. A carne bovina também. Recentemente foi aprovado pelo Ministério da Agricultura o uso de substâncias "beta-agonistas" em bovinos (os chamados promotores de crescimento), como a ractopamina e o zilpaterol. Essas duas substâncias de engorda para o gado são proibidas na Europa, pois o mercado europeu sustenta que os estudos sobre a segurança de se consumir carnes de animais que receberam essas drogas ainda são inconsistentes. "O governo brasileiro prometeu à União Europeia garantias de que a carne bovina exportada para os 27 países membros do bloco não terá a adição dessas duas substâncias. Mas por aqui a aprovação de uso dessas drogas passou despercebida pelos órgãos de defesa do consumidor", alerta Venturini. Cozinhar bem resolve? Se a carne do animal pode apresentar resquícios de medicamentos, cozinhar bastante ajudaria? Não, segundo o médico veterinário Pedro Germano, professor de Vigilância Sanitária do Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da USP. Isso porque essas substâncias são resistentes a altas temperaturas. O mesmo ocorre com o leite. Assim como mulheres que amamentam devem ficar longe de certos remédios, pelo risco de passar ao bebê, é preciso submeter vacas tratadas por infecções a uma quarentena. "O leite só pode ser aproveitado depois de um ou dois meses após o uso de antibiótico", relata Germano. Mesmo passando pelo processo de pasteurização, o leite não fica livre da presença de medicamentos. Por isso é tão importante que haja fiscalização. "De modo geral, isso está muito bem acompanhado", garante o veterinário. De qualquer forma, é fundamental que as pessoas consumam somente o leite pasteurizado, que fica protegido de micro-organismos nocivos à saúde."

Fonte e Imagem: Cofen.com