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Hospitais: negros mal atendidos

29/11/2012

Hospitais: negros mal atendidos

CAROLINA BRAGA/ESP DP/D.A PRESS

José Barbosa, 39, filho de Josefa, 81: "Não sei se a cor influenciou. Mas ela passou a noite emumamaca, no corredor"

CAROLINA BRAGA/ESP DP/D.A PRESS

Joacir Santos, 30 anos, reclamou do atendimento

O agricultor Joacir da Silva Santos, 30 anos, é negro. Trabalha em uma plantação de cana-de-açúcar em Alagoinha, Agreste do estado. Segunda-feira passada, estava cortando cana quando o facão escorregou e quase cortou um de seus dedos do pé. Foi atendido primeiramente em um posto de saúde em Pesqueira, também no Agreste, e transferido para o Hospital Getúlio Vargas ontem pela manhã. "A assistência social que recebi aqui foi muito precária. Ninguém consegue sequer chamar uma ambulância para eu voltar para casa", lamentou. Para melhorar o atendimento a essas pessoas, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) realizou um estudo que servirá como base para a implantação de políticas públicas nos hospitais voltadas à população negra.

Os dados foram revelados por meio de um perfil epidemiológico da população pernambucana, com recorte dado aos negros. Realizado pela SES, os dados abordam o racismo, preconceito, intolerância e discriminação dentro dos hospitais públicos do estado. Fatos que favorecem as desigualdades sociais. "O estudo é como um mapeamento dos pontos que estão sensíveis na saúde pública do estado para podermos melhorar o atendimento e reduzir as desigualdades sociais e históricas", afirmou a coordenadora estadual de Atenção à Saúde da População Negra, Miranete Arruda. Ao final de cada ano, adiantou, será realizado um balanço comparativo para checar se as ações estão surtindo efeito.

Segundo o levantamento realizado pela SES, os negros representam 74% dos usuários dos hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Foram 442 mil internamento contra 146 mil brancos internados entre os anos de 2008 e 2010. De acordo com a SES, homicídios, acidentes e suicídios estão entre os principais motivos de morte dos negros no estado. As doenças circulatórias e neoplasias também fazem parte da lista.

As mulheres

Josefa dos Santos, 81 anos, está se preparando para amputar o pé direito. Seu primeiro atendimento foi realizado na UPA de Paulista, no Grande Recife. De lá foi encaminhada para o Hospital Getúlio Vargas. Passou a noite da terça para quarta-feira no corredor. Josefa está sendo acompanhada pelo filho, o cozinheiro José Barbosa, 39. "Não sei se a cor dela influenciou. Mas, por ela ser idosa, eu achava que iria receber um tratamento mais adequado do que dormir em uma maca no meio do corredor do hospital", reclamou José Barbosa.

Dados do Ministério da Saúde apontam que as mulheres negras têm tratamento diferenciado. Na hora do parto, por exemplo, enquanto 47% das brancas foram acompanhadas pelo marido ou alguém da família, apenas 27% das negras tiveram o mesmo direito respeitado. Além disso, elas encontram dificuldade no acesso às consultas de pré-natal, à anestesia e aos cuidados puerperais.

Saiba mais 62% dos pernambucanos são negros e pardos 74% dos usuários dos hospitais públicos de Pernambuco são negros 24,6% são brancos 69,7% dos negros foram atendidos por conta de casos de violência em serviços de emergência público no Brasil, no ano de 2010 26,2% dos brancos foram atendidos no mesmo período

As taxas de mortalidade materna em mulheres negras são sete vezes maior do que em brancas

O perfil epidemológico dos pernambucanos baseados no quesito raça/cor foi realizado a fim de identificar as desigualdades sociais existentes para atuar no combate do preconceito racial

Fonte: Secretaria Estadual de Saúde e Ministério da Saúde.

Fonte: Cofen.com

Imagem: Cofen.com