Governo federal paga 33% mais por bolsista brasileiro na Espanha
22/04/2013
"Governo federal paga 33% mais por bolsista brasileiro na Espanha
AgênciaEstado/DA
O governo brasileiro paga, em média, 33% mais do que deveria com taxas de matrículas e mensalidades dos bolsistas do Ciência Sem Fronteiras (CsF) na Espanha - 4.º maior destino do programa. O valor anual de € 2,4 mil (R$ 6,2 mil) repassado às universidades espanholas por aluno é superior aos € 1,8 mil (R$ 4,7 mil) pagos por qualquer estudante brasileiro que decide fazer o mesmo intercâmbio por conta própria. A diferença de valores já custou até o momento cerca de R$ 2,5 milhões aos cofres públicos.
Para chegar aos números, o jornal O Estado de S. Paulo pesquisou preços de cursos de Engenharia e Saúde - os que têm maior adesão - nas universidades espanholas que mais recebem bolsistas. Quase 1,7 mil graduandos foram estudar na Espanha pelo CSF.
O acordo assinado entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) - um dos órgãos que administram o programa - e a Fundação para a Projeção Internacional das Universidades Espanholas - entidade que intermedeia a relação do governo brasileiro com cerca de 50 instituições públicas e privadas da Espanha que participam do CsF - prevê o envio de 2,5 mil bolsistas do País.
Mesmo o número de vagas tendo sido acordado, o governo não reduziu o valor de € 2,4 mil pago por aluno. Segundo especialistas, havia espaço para uma negociação mais favorável ao Brasil, tendo em vista a crise econômica na Europa. Atualmente, as universidades espanholas vêm sofrendo cortes orçamentários. "Nas privadas, por exemplo, há retração no número de alunos", diz Carlos Manhanelli, professor na Universidade de Salamanca.
Para Rubens Barbosa, ex-embaixador nos Estados Unidos, o programa deveria ser conduzido de "forma mais calma". "Estão sendo cometidos muitos erros. O custo está saindo muito maior do que deveria."
Considerado uma das principais plataformas políticas do governo, desde 2011 o CsF já gastou R$ 1 bilhão, mas atingiu menos de 30% da meta de enviar 101 mil bolsistas até 2015. Para Gustavo Balduíno, secretário executivo da Andifes, entidade que representa as universidades federais que mais enviam bolsistas, é importante racionalizar gastos. "Quanto mais reduzir custo, mais possibilidade de ampliar o programa."
Consultado, o CNPq diz que o acordo com a Espanha não se refere apenas ao pagamento de taxas acadêmicas, mas também ao "complexo trabalho de colocação e acompanhamento dos alunos" no país ibérico.
Questionado sobre esse "complexo trabalho", o órgão mencionou que a atividade consiste na "negociação de vagas, na análise de documentação dos alunos e no auxílio à obtenção de vistos". Não foi detalhado, no entanto, o valor cobrado por isso.
Rotina
Segundo alunos, bolsistas do CsF não tiveram nem têm tratamento especial em comparação a outros estudantes brasileiros de fora do programa. Dúvidas sobre intercâmbio são esclarecidas em sites de universidades, comunidades do Facebook e por um guia da embaixada brasileira. "A gente tem de se virar", diz Paola Brito, de 20 anos, aluna de Engenharia Química em intercâmbio pelo CsF em Valladolid.
O estudante de Medicina Victor Fontes, de 28 anos, há dois em Barcelona, confirma o tratamento igualitário. "Eu mesmo pago o curso. Em 2012, gastei pouco mais € 1,8 mil."
Fonte: Midiamax.com
Imagem: Estadao.com