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Filhos de brasileiros já esquecem a língua

10/09/2012

Filhos de brasileiros já esquecem a língua

10 de setembro de 2012 | 3h 06

GENEBRA - O Estado de S.Paulo

Os irmãos Carlos e Márcia, de 14 e 12 anos, não têm problema nas diversas matérias na escola que frequentam em Genebra, todas ministradas em francês. Vivendo na Suíça há sete anos, a família dos dois viaja uma vez por ano ao Brasil. Mas é justamente em Goiânia, cidade natal de ambos, que as dificuldades aparecem quando visitam os parentes. 

"Levo pelo menos duas semanas para voltar a falar bem português", admite Carlos, que conta que seus amigos não perdem a ocasião para fazer piada com o seu sotaque.

A iniciativa de introduzir o português nas escolas é das associações de filhos de pais portugueses. Mas famílias brasileiras sabem que acabarão se beneficiando. Em Genebra, a entidade Raízes organiza e mobiliza professores para garantir aulas de português aos filhos de brasileiros, em cursos dados de forma paralela e após o horário escolar. A entidade surgiu há pouco mais de dez anos, justamente para garantir que filhos de brasileiros não fossem obrigados a assistir a aulas em português de Portugal.

Mas cada criança precisa ainda pagar R$ 450 por ano para ter uma aula por semana. Com a iniciativa, a perspectiva é de que todas as escolas tenham o curso e as famílias não precisem pagar.

Hoje, a dificuldade de Carlos é apenas em encontrar palavras e na forma de se comunicar com tios e amigos. Mas ele sabe que, se um dia quiser voltar ao Brasil, terá de ter seu português em dia para disputar uma vaga no vestibular e mesmo um emprego qualificado. "Minha mãe insiste que não posso falar só francês e inglês", conta.

Já as irmãs brasileiras Amanda, de 11 anos, e Rafaela, de 10, estão vivendo pela segunda vez na Suíça, depois de uma temporada no Brasil. No colégio que frequentam, não há aulas de português e os pais já se planejam usar livros que trouxeram do Brasil para manter o desenvolvimento da língua. Os professores das duas no Brasil também se ofereceram para continuar a fornecer o material didático, de acordo com a idade das garotas.

Amanda conta que, como acaba de chegar à Suíça, foi colocada em uma sala de "acolhimento", onde os alunos estrangeiros passam por uma espécie de fase de transição até se incorporarem à escola regular quando o nível de francês estiver suficiente.

Animada, a paulista recebeu a indicação dos professores de que, até dezembro, poderá passar para as classes normais do colégio. Em sua classe, vários dos alunos que passam pela transição são portugueses. "A regra é que não se pode falar português na sala", conta a menina. / J.C.

Fonte: Estadao.com

Imagem: Blogdozemarcos.zip.net