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Falta de remédios dificulta tratamento contra o cigarro

25/10/2012

Falta de remédios dificulta tratamento contra o cigarro

"O hábito de fumar, na maioria das vezes, já é associado à ansiedade e ao nervosismo. Deixar de ser fumante e não saber se o tratamento poderá ter continuidade é uma tensão pela qual o paciente não pode passar", desabafa uma gerente comercial que abandonou o cigarro recentemente, após ter conseguido vaga em uma turma do Serviço de Controle, Prevenção e Tratamento do Tabagismo (Secoptt), que opera no PAM- Marechal, via SUS. O serviço alia abordagem cognitiva e comportamental ao uso de medicamentos. Conforme dados do Secoptt, com os remédios, a chance de que os tabagistas deixem o hábito é de 70%, número que cai para 30% sem seu uso, tornando preocupante uma questão que se tornou realidade no município: a solicitação feita pela Secretaria de Saúde não vem sendo totalmente contemplada, ameaçando o tratamento de inúmeros usuários e impedindo que novatos se inscrevam nos grupos de apoio no Secoptt.

A Tribuna percorreu dez das 63 unidades de atenção primária à saúde (Uaps) de Juiz de Fora e, em todas s visitadas, faltam medicamentos fornecidos pelo Ministério da Saúde. Em algumas, é possível deixar o nome em uma lista de espera, para possível chamada quando os itens forem recebidos. Em outras, a resposta dos atendentes é de que não há previsão para a admissão de novos membros nos grupos de apoio, além de não haver certeza da continuidade do tratamento para os já inscritos. Sem fumar há pouco mais de um mês, uma moradora do Bairro de Lourdes, na região Sudeste, foi uma das que teve a matrícula recusada no programa da Uaps de seu bairro. "Acho até possível levar o tratamento sem remédio. O problema é usarem isso como argumento para cortar o fornecimento de vez, o que pode acabar com o programa, já que nem todo mundo consegue parar de fumar sem o medicamento."

O kit antitabagismo fornecido pelo Governo federal inclui: comprimidos de bupropiona (150 mg), adesivos transdérmicos de nicotina nas dosagens de 7mg, 14mg e 21mg , além pastilhas da substância. A cada três meses, o pedido é encaminhado pelo Município à Secretaria de Estado da Saúde, que, por sua vez, repassa a solicitação ao Instituto Nacional do Câncer (Inca), que coordena as demandas. A partir daí, o documento segue para o Ministério da Saúde, que faz a distribuição dos remédios. Nos municípios acima de 500 mil habitantes, como é o caso de Juiz de Fora, o material é deixado diretamente na Secretaria de Saúde.

Segundo a coordenadora do Secoptt, Débora Corrêa, a entrega do material tem sido feita, mas em quantidade inferior à solicitação para o serviço (ver quadro). Com isso, houve desfalque no atendimento de algumas unidades. "Não houve justificativa do ministério para o envio reduzido dos medicamentos, só o de metade da solicitação de bupropiona, que ocorreu devido a um problema na licitação para compra do remédio, conforme ofício enviado pelo órgão. Acredito que tenha sido um problema pontual, já que, em cinco anos de programa, nunca houve problemas com o fornecimento."

Ministério diz que pretende ampliar serviço

A assessoria de comunicação do Ministério da Saúde informou, em nota, que a situação da distribuição do kit de medicamentos antitabagismo a Juiz de Fora está regularizada, de acordo com o cronograma. O Ministério destacou que, "conforme a coordenação do programa no município, os medicamentos fornecidos pela Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais são suficientes para atender a todos os pacientes cadastrados". A assessoria destacou também que há perspectivas de expansão do programa, mas que a abertura de novos grupos e a ampliação do acesso depende do envio das informações consolidadas sobre atendimento e consumo no estado por meio do Programa Nacional de Combate ao Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

A coordenadora do Secoptt, Débora Corrêa, também apontou a intenção de que o trabalho seja expandido para mais Uaps. "Atualmente, o serviço é oferecido por cerca de 22 unidades, e nem todas oferecem o ano todo. A ideia é que o trabalho, que tem dado resultados muito positivos, seja levado para cada vez mais locais." Ainda conforme a coordenadora, a programação dos grupos de apoio da cidade deve ser normalizada tão logo os insumos voltem a ser repassados de acordo com a solicitação municipal. "É claro que houve prejuízo em relação ao quantitativo que não foi encaminhado, então não poderemos abrir novas turmas imediatamente, pois é preciso dar conta do déficit. Mas acho que, até o final do ano, será possível aceitar novos pacientes, com a segurança de que o tratamento poderá ser concluído."

Fonte: Cofen.com

Imagem: Saoluiz.com.br/