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Estudo alerta para mortalidade do câncer na América Latina

26/04/2013

"Estudo alerta para mortalidade do câncer na América Latina

Ilustração mostra células de câncer. Falta de recursos é um dos entraves para o avanço no tratamento da doença no subcontinente Latinstock

Incidência de casos se aproxima a de países ricos, mas proporção de mortes é quase o dobro

Um grupo de pesquisadores de câncer de 12 países do continente americano lançou um estudo que alerta a América Latina sobre um impasse no enfrentamento da doença. A conclusão do trabalho, que também serve para o Brasil, é que enquanto os habitantes desta região do planeta ganham hábitos de comportamento e consumo que os aproximam de países desenvolvidos, inclusive o sedentarismo e a obesidade, os mesmos países não conseguem dar assistência médica em nível correspondente. Como resultado, a incidência de câncer entre os latino-americanos se aproxima da dos EUA, da União Europeia e do Japão, mas a proporção das pessoas que morrem deste mal é bem maior no nosso subcontinente. Se nada for feito, estima o trabalho, mais de um milhão de pessoas vão morrer da doença por ano a partir de 2030.

O estudo, publicado na revista "Lancet Oncology", destaca que a proporção de pessoas que morrem de câncer na América Latina é bem maior em comparação com os Estados Unidos. Na região, para que 13 pessoas morram por causa da doença, tem que haver 22 casos de câncer, ou 59%. Nos EUA, são 37 ocorrências para as mesmas 13 mortes, o que equivale a 35%. O Brasil está no meio do caminho, com 29 casos para o mesmo nível de mortalidade, segundo dados de 2008.

Brasil gasta U$ 8 para cada novo paciente

O trabalho, do Grupo de Cooperação em Oncologia da América Latina, tem um quadro que relaciona o quanto cada país da região gasta com cada novo paciente. O Brasil perde na comparação com vizinhos sul-americanos, segundo dados de 2009. São U$ 8,04 por paciente, enquanto, no Chile, a soma é quase o dobro, U$ 15,09. No Uruguai, estava em U$ 26,63. Nos EUA, são U$ 460,17 por indivíduo diagnosticado. Em resposta, o Ministério da Saúde informa que ampliou em 26% o investimento na assistência oncológica nos últimos dois anos para R$ 2,4 bilhões em 2012.

- Não se trata apenas de aumentar o dinheiro gasto com câncer no Brasil, mas também de distribui-lo melhor - alerta Paul Goss, líder da pesquisa. - A política para a doença não está bem implementada por inteiro, há discrepâncias no atendimento em grandes centros urbanos e no interior do país, sobretudo com populações indígenas, como se houvesse dois "brasis".

O pesquisador, da Escola de Medicina de Harvard, acrescenta, por meio do estudo, que a distribuição desigual de recursos humanos e materiais para tratamento de câncer não é exclusividade do Brasil e afeta a maioria dos países latino-americanos. Entre os brasileiros, onde a média é de 144 médicos por 100 mil pessoas, existem apenas 60 médicos por 100 mil nas áreas menos desenvolvidas da Região Norte, contra 210 para o mesmo número de habitantes no Sudeste. No Norte e no Nordeste, onde a fatia da população que vive em áreas rurais é maior, cerca de 40% das mulheres com 25 anos ou mais fazem o exame de mamografia; na Região Sudeste, 65% das mulheres fizeram exames para detecção do câncer em 2008. Não à toa, o estudo diz que só 20% dos casos de câncer de mama são detectados nas fases iniciais. Mas, neste caso, o número é contestado pelo Ministério da Saúde, que, em comentário feito no próprio relatório, diz que o índice de detecção está perto do patamar americano, de 60%.

Em resposta, o Ministério da Saúde informa que, para reduzir as desigualdades regionais foram assinados 11 convênios para criação de serviços de referência no diagnóstico e tratamento ao câncer de colo do útero nas regiões Norte e Nordeste e aprovadas outras 31 propostas. Até 2014, continua o ministério, estão previstos investimentos de R$ 4,5 bilhões em ações de prevenção e na expansão de serviços de diagnóstico e tratamento do câncer de mama e do colo do útero, que são os que mais atingem as mulheres. Além disso, foi prometida a estruturação e ampliação de 80 serviços de radioterapia, aumentando em 32% a assistência aos pacientes no país."

Fonte e Imagem: Cofen.com