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Especialistas contestam metas de Kassab para a educação
29/09/2012
Especialistas contestam metas de Kassab para a educação
Prorrogação de vagas para todas as crianças até 2020, com educação integral, é considerada quebra de compromisso
29 de setembro de 2012 | 3h 05
O Estado de S.Paulo
O Plano Municipal de Educação - projeto enviado pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD) à Câmara Municipal - tem ao menos duas metas questionáveis, afirmam especialistas. A primeira é a que prorroga o atendimento de 100% da demanda por vagas em creche para o ano de 2020. A segunda é a que prevê, também para 2020, que todas as escolas de ensino fundamental (1.º ao 9.º ano) ofereçam educação de tempo integral.
"Espero que os vereadores tenham bom senso e não aprovem esse projeto", afirma o professor da Faculdade de Educação da USP Ocimar Alavarse. Para ele, adiar a universalização do atendimento em creche para 2020 é uma forma de postergar a garantia de um direito que já devia estar assegurado. "O prefeito assume que não cumpriu o que havia prometido e deixa na mão do próximo o principal problema da educação municipal."
A resolução do problema, diz, vai além da oferta de vagas. É preciso garantir um bom atendimento. "Por aqui, a implantação de creches conveniadas se tornou uma solução à paulistana que, além de não dar conta da demanda, peca na qualidade."
Só em São Paulo, há mais de 145 mil crianças à espera de uma vaga. Uma questão tão complexa, argumenta Alavarse, que tem estado ausente da plataforma eleitoral dos candidatos a prefeito. "Como todos sabem que o tema é de difícil resolução, preferem prometer a escola integral."
É aí que entra o segundo ponto da crítica: não há condições técnicas de ter 100% das escolas em tempo integral num prazo de oito anos (até 2020). "Só para começar, não teríamos espaço físico nem docentes suficientes", diz a diretora executiva da ONG Todos pela Educação, Priscila Cruz. "Além disso, que tipo de ensino integral seria esse? Só duplicar o período dentro da escola não acrescenta nada."
Projeto. Além da creche e do ensino integral, o projeto enviado por Kassab também prevê, até 2016, erradicar o analfabetismo absoluto, universalizar o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e garantir que todo estudante com deficiência esteja na escola.
"Ter um plano é bom. A questão é saber o que houve de planejamento. O plano das ideias não basta, é preciso que haja um detalhamento sobre custos e recursos humanos necessários", avalia Denis Mizne, diretor da Fundação Lemann. / OCIMARA BALMANT
Fonte: Estadao.com
Imagem: Estadao.com