Empresa própria é o sonho de 60% dos universitários
11/10/2012
Empresa própria é o sonho de 60% dos universitários
10 de outubro de 2012 |
22h47
Categoria: Agenda, Análise, Carreira, Empreendedorismo, Trabalho
JOSÉ GABRIEL NAVARRO
O sonho de abrir a própria empresa já predomina nas universidades brasileiras. A conclusão é de uma pesquisa que ouviu 6.215 estudantes do Ensino Superior em todo o País, conduzida pela organização internacional Endeavor. Seis em cada dez entrevistados pretendem abrir um negócio no futuro, e 47,6% deles concordaram com a afirmação “muitas vezes penso em me tornar um empreendedor”.
Apesar da boa vontade declarada, falta conhecimento técnico. Os próprios universitários se deram uma nota média de 5,2 ao avaliarem sua confiança para “estimar o valor de capital inicial e capital de giro necessário para iniciar um novo empreendimento”, numa escala de zero a 10.
Para a gerente de pesquisa e políticas públicas da Endeavor, Amisha Miller, o contraste da gana de abrir uma empresa com o reconhecimento de limites para fazer isso indica que os jovens podem estar confiantes demais.
“Eles precisam se capacitar”, afirma Amisha. “O que os ajuda mais nisso é fazer estágios em empresas recém-criadas ou pequenas. É bom estagiar em um banco, mas lá você nunca ou raramente vai aprender a lidar com uma micro ou pequena empresa.”
A falta de conhecimentos para abrir e manter o próprio negócio se reflete, inclusive, no índice de sobrevivência das empresas, segundo a gerente da Endeavor.
O último levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em São Paulo (Sebrae-SP) aponta que 7% das firmas paulistas fecham as portas em menos de um ano de atividade, e só 42% sobrevivem após cinco anos.
Além disso, apenas quatro em cada dez micro e pequeno empresários falidos conseguem recuperar todo o dinheiro investido no empreendimento.
“As principais razões para as falências são falta de planejamento, de competência de gestão e o comportamento do responsável. Existem muitos empreendedores no Brasil, mas eles fecham as portas por não terem essas habilidades”, avalia Amisha, que é inglesa.
Concorda com ela a coordenadora do Núcleo de Empreendedorismo da Escola Superior de Propaganda e Marketing em São Paulo (ESPM-SP), Rose Mary Lopes, para quem “não há mais a desculpa da falta de dinheiro” para se capacitar a gerir o próprio negócio.
“Existem vários caminhos a recorrer, inclusive cursos online gratuitos, como os do Sebrae e da Fundação Getulio Vargas (FGV). Há também cursos presenciais de graça no Sebrae.”
A professora da ESPM recomenda ainda que se recorra a fóruns na internet, em sites como o www.saiadolugar.com.br e a rede social especializada em “start-ups” (novos negócios) www.empreendemia.com.br.
Nas instituições de ensino superior do Brasil, também há possibilidades consideradas interessantes. Rose recomenda cursos de extensão. Amisha lembra que só 30% das universidades no País têm empresas juniores, enquanto a média global é de 50%. “A empresa júnior é uma boa opção porque tem a experiência real de prestar serviço para um cliente”, diz a gerente da Endeavor.
O empresário Vinicius Roveda, de 32 anos, sabe a importância de estudar para garantir sucesso nos negócios. Ele é graduado em ciências da comunicação, lida desde 2000 com a área de tecnologia e chegou a criar uma empresa de softwares que fracassou.
Hoje, após fazer cursos de gestão empresarial e de produtos, ele é cofundador de duas empresas e presidente da Conta Azul, que ajuda a gerenciar pela internet outras pequenas companhias. E viaja com frequência ao Vale do Silício, região dos Estados Unidos que concentra grandes e pioneiros grupos de tecnologia.
“Apesar de ser um setor importante da economia, as pequenas e médias empresas ainda enfrentam problemas com o excesso de demandas legais e a falta de orientação. É esse problema que queremos sanar”, afirma Roveda, que vive em Joinville (SC), mas espera abrir filial da Conta Azul em São Paulo no ano que vem. ::
Fonte: Estadao.com
Imagem: Estadao.com