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Eles só vão ao médico quando a situação é crítica
12/11/2012
Eles só vão ao médico quando a situação é crítica
Estudo feito nos EUA mostra que 52% dos homens só procuram ajuda profissional para "consertar" algo. Por aqui, Sociedade Brasileira de Urologia faz campanha de conscientização
Carolina Lenoir - Estado de Minas
O desejo de ter uma vida longa e produtiva é inerente ao ser humano, mas a parcela masculina da população ainda falha em um ponto fundamental: o cuidado com a sua saúde. Incentivar a prevenção e a proatividade entre os homens ainda é um desafio para a comunidade médica mundial. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos pelo laboratório Abbott, em parceria com a ONG Men's Health Network, revelou que dos 2 mil homens entrevistados, 52% costumam ir a um médico somente quando algo precisa ser "consertado" e 63% relatam que a dor prolongada e grave é o principal ponto de decisão para uma consulta médica, sendo que vômitos, sangramento ou coceira não são fatores suficientes para procurarem um doutor. No Brasil, apesar do baixo número de pesquisas ligadas à saúde do sexo masculino, a realidade não é diferente.
De acordo com dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a média de expectativa de vida dos homens brasileiros é sete anos menor que a das mulheres (69,7 anos contra 77,3 anos), que fumam menos, são mais ativas e se alimentam melhor. Além disso, enquanto elas aprendem desde cedo que é preciso ir regularmente ao ginecologista, os homens são criados sem um hábito semelhante - ainda que o ideal seja que, logo ao nascer, o bebê passe por um urologista para checar a disposição dos testículos e se o pênis teve uma formação adequada. O acompanhamento deve ser seguido ao longo da adolescência e da fase adulta.
Segundo recomendações do Ministério da Saúde (MS), a partir dos 20 anos os homens devem começar a medir periodicamente a glicose, a fim de verificar o nível de açúcar no sangue e evitar o diabetes. Também a partir dessa idade devem ser realizados exames de pressão arterial, colesterol e doenças sexualmente transmissíveis. Já aos 40 anos, a indicação é de que os homens com histórico de câncer na família façam o exame de próstata. A recomendação é válida a partir dos 45 anos para toda a população masculina.
Tudo isso parece distante da realidade masculina atual. O urologista José Eduardo Távora, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia - Seção Minas Gerais (SBU-MG), explica que o acúmulo de funções e o estresse levam a população masculina a deixar os cuidados com a saúde em segundo plano. “Conforme eles vão envelhecendo, as doenças vão surgindo e só é possível mudar a história natural delas e minimizar suas complicações com a prevenção. Por isso, é importante trazer os homens para os consultórios e o urologista pode ser visto como o médico do homem na atualidade.”
Doenças De acordo com Távora, entre as enfermidades mais frequentes na população masculina estão diabetes, doenças cardiovasculares, disfunção erétil e problemas na próstata (principalmente câncer) e nos rins. Como o objetivo de prevenir essas e outras doenças, o médico afirma ser fundamental realizar um checkup ao menos anual, conduzidos por clínicos, cardiologistas, urologistas ou geriatras, que vão encaminhar a outros especialistas caso seja necessário depois dos exames. O cuidado com a avaliação de rotina urológica completa, incluindo a próstata e o ainda tão temido toque retal, é especialmente importante.
Para incentivar o autocuidado masculino são realizadas campanhas de conscientização aliadas a iniciativas governamentais, como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, criada em 2009 pelo Ministério da Saúde (leia no Saiba mais), mas que até hoje está presente em menos de 200 municípios brasileiros. Para que movimentos como esses funcionem, é preciso ter em mente a importância dos papéis convencionados como masculinos e femininos na sociedade. A cientista social carioca Bianca de Vasconcellos Sophia explica que muitos homens ainda estão aprisionados à concepção de que as mulheres são ligadas ao cuidado e à fragilidade, enquanto eles têm como valores invulnerabilidade, força e virilidade. Em sua dissertação de mestrado em ciências sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Bianca aponta o aumento de casos de transtornos alimentares nos homens, problema com ações ainda muito focadas no universo feminino.
A rejeição por parte dos homens à procura médica tem, portanto, explicações históricas, sociais e culturais, que exigem um trabalho de adaptação na forma com que a temática masculinidade e saúde é abordada pelas próprias instituições de cuidado e atendimento. “Não é porque há um aparato maior voltado para a atenção da mulher que isso significa que os homens não possam ser vítimas. Muitas vezes, o são pelo simples fato de não terem chegado a um atendimento médico preventivo. É preciso ter uma preocupação em dialogar com diferentes ciências e áreas do saber que podem ajudar a entender as questões que levam os homens a evitar esse cuidado. Muitas vezes, eles lidam de uma forma agressiva por terem dificuldade de discutir seus sentimentos, o que pode agravar a situação se não houver uma condução adequada”, acrescenta Bianca.
Serviço
1ª Caminhada e Corrida da Saúde do Homem.
Provas masculina e feminina, com percursos de 5km e 10km
Dia 18 (domingo), às 8h30, no
Bairro Belvedere (largada próxima à Praça Dr. Íris Valadares).
Valor das inscrições, que vão até o dia 16: R$ 70.
Informações: www.corridasaudedohomem.com.br
Fonte: Estadao.com
Imagem: Correio Braziliense