Eduardo Campos defende novo pacto social no Brasil
19/03/2014
O presidente Nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, renovou suas críticas ao governo federal e apontou os três eixos estratégicos que considera fundamentais no debate que tem proposto para os problemas do país: a crise de representação política, a má qualidade dos serviços públicos e a estagnação de um grande projeto para o Brasil. Em palestra proferida na manhã desta terça-feira, 18/03, o político socialista enfatizou a importância de rever o modelo e buscar solução para os desafios colocados no Brasil. "Vivemos um momento de crise na indústria, com a redução da participação do setor no PIB nacional nos últimos dez anos, de 18% para 13%", afirmou Campos, lembrando indicadores recentes como o déficit da balança comercial (R$ 2,1 bilhões) e do balanço de pagamentos (R$ 80 bilhões).
O governador de Pernambuco passou a manhã em São Paulo, onde participou do Fórum Brasil: Diálogos para o futuro, ciclo de palestras e debates organizado pela revista Carta Capital em parceria com o Instituto Envolverde. Diante de uma plateia estimada em 500 pessoas, Campos foi bastante enfático ao tratar da questão da desigualdade social e apontou que, hoje, o Brasil vive uma crise política, social e de valores. "Vivemos uma época de crise na relação com o meio ambiente, de padrão de desenvolvimento e de mudança nas plataformas de comunicação", afirmou. Citou também o cenário global, apontando que países europeus e a China vêm realizando mudanças políticas como alavanca para o desenvolvimento. "É fundamental manter o debate também internacionalmente, buscando o entendimento entre os países", completou.
O Fórum tem como objetivo promover o debate de assuntos de relevância para o futuro do Brasil. A primeira edição de 2014 aconteceu em Fortaleza, no final de janeiro. Nesta segunda etapa, contou com a presença de especialistas, pensadores e gestores de empresas públicas e privadas em diversos segmentos. Eduardo Campos abordou o tema "O Brasil e o mundo pós-crise - A busca por um novo modelo de desenvolvimento", após a palestra do economista norte-americano Paul Krugman, vencedor do prêmio Nobel de 2008; e do economista e ex-ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto.
Visão estratégica - Em sua apresentação, o governador de Pernambuco apresentou um breve histórico político e econômico do Brasil dos últimos 30 anos, abordando o processo de redemocratização, nos anos 80; o início da estabilidade econômica, na década de 90; até os dias atuais, em que destacou a desigualdade social como uma das questões centrais do debate político.
Como alternativa para esse quadro, o socialista reforçou a importância de se discutir uma nova estratégia de desenvolvimento para o Brasil. "As pessoas estão pedindo isso, as manifestações de junho de 2013 são a mostra de que a sociedade expressou seu incômodo", afirmou Campos. "Sem planejamento e regras claras, os marcos de setores estratégicos são alterados. Falta capacidade de mediação, o que gera uma crise de confiança da sociedade com o governo, especialmente com relação à natureza das alianças políticas", disse.
Após apresentar os pontos sensíveis no atual cenário político e econômico do Brasil, Eduardo Campos traçou sua plataforma de mudanças, que envolve setores fundamentais para o crescimento do País. Para ele, é preciso estabelecer um novo pacto social e político, de modo a renovar a estrutura política do País. "O caminho para essa condição é o do diálogo, da transparência e das regras claras. Em um momento de comunicação digital, as pessoas participam e interagem cada vez mais. O governo passa a impressão de que não sabe ouvir. É preciso implantar uma escuta ativa junto à sociedade", afirmou.
Um dos pontos vitais para esse salto de crescimento do País, na visão de Campos, é promover as reformas política e tributária, com um olhar de longo prazo, e maior equilíbrio orçamentário entre União, estados e municípios, dando origem a um novo pacto federativo. "É uma forma de resposta do Brasil à crise representativa que vivemos. Em 1985, 85% da arrecadação da União eram compartilhadas com os Estados. Hoje, são apenas 35%", destacou.
Também entraram na pauta temas como eficiência energética, especialmente a geração distribuída - gerada em regiões próximas do consumidor - , que já é responsável por 30% da nova energia na Europa; a implantação de uma nova rede logística, com investimentos em internet, e na capacitação de crianças e jovens, para garantir a qualidade do ensino médio. Somado a isso, Campos defende uma gestão pública mais eficiente, com maior inteligência no uso dos recursos. Ele aproveitou o encontro para reforçar o lançamento de documento com os eixos programáticos da aliança PSB e Rede Sustentabilidade. "São diretrizes para construir uma nova plataforma política que garantirá um ciclo de novas conquistas para o Brasil", comentou.
Coletiva - Em coletiva à imprensa, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, voltou a defender alianças político-partidárias sustentadas por afinidades programáticas. De passagem por São Paulo, onde proferiu palestra no Fórum Brasil: Diálogos para o futuro, ele respondeu a jornalistas que questionaram sobre o relacionamento do PSB com outros partidos. "Quando não há alianças por projetos, mas calcadas em necessidades individuais ou de partidos, não vemos o Brasil real. Temos que ir além das intrigas políticas e sei que, nas urnas, o Brasil vai derrubar isso", disse Campos, que reforçou a importância de o governo manter uma gestão transparente. "É preciso estar aberto ao diálogo com a sociedade, pois estamos assistindo à expressão social, não só da população, mas de empresários e dos próprios partidos políticos. São várias vozes se manifestando", destacou. Quando perguntado sobre os rumos do marco civil da internet, o governador disse que o melhor para o País é que o projeto seja implantado no próximo ano. "Seria mais eficiente esperar um novo governo, para transmitir o novo marco civil com clareza, e não somente porque haverá um encontro internacional em abril", afirmou. A votação da proposta pela Câmara dos Deputados pode acontecer amanhã. O projeto estabelece princípios, garantias, direitos e deveres dos usuários, para regulamentar a navegação no Brasil.
Texto: Regina Valente - Assessoria de Comunicação do PSB Nacional
Foto: Divulgação - Carta Capital