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Doação de leite: mais saúde, amor e proteção

12/11/2012

Doação de leite: mais saúde, amor e proteção

WASNY DE ROURE

Deputado distrital (PT)

O Ministério da Saúde lançou no início de outubro a Campanha Nacional de Doação de Leite Materno. Somando-se às atividades da campanha nacional, realizei, em parceria com a deputada Arlete Sampaio, sessão solene sobre o tema na Câmara Legislativa.

Amamentar faz parte da trajetória da nossa espécie, do desafio pela sobrevivência dos seres humanos nos primeiros anos de vida. Em tal contexto, esse gesto, tão primitivo, assume também um sentido de proteção e de amor ao bebê, sentimentos necessários ao seu desenvolvimento e, muitas vezes, à salvação da sua vida.

Em 1994, sensibilizado com a causa, apresentei o Projeto de Lei nº 454, primeira lei sobre aleitamento materno no DF e no país. Em 2012, transcorridos quase 20 anos, e diante dos resultados de estudos e pesquisas, do surgimento de novas práticas, de avanços na tecnologia e de normas mais atuais dos órgãos responsáveis, tornou-se necessário atualizar o texto.

Provocado pela Coordenação dos Bancos de Leite da Secretaria de Saúde do DF, apresentei duas proposições sobre o tema, ambas em tramitação na Câmara Legislativa. O PL nº 1.052/2012 dispõe sobre aleitamento materno, e o nº 1024/2012 institui a Semana Distrital de Doação de Leite e inclui o Dia Distrital de Doação de Leite Materno entre suas atividades. A data, a ser celebrada em 19 de maio, foi fixada na Carta de Brasília de 2010, documento assinado por representantes dos ministérios da Saúde de 21 países.

A estrutura existente no Brasil para doação de leite humano é muito grande. São 212 bancos e 110 postos de coleta espalhados por todo o país, recolhendo, anualmente, 150 mil litros de leite humano, que, depois de pasteurizados, chegam a mais de 135 mil recém-nascidos, muitos deles ainda hospitalizados, por algum motivo. Na sexta-feira 26/10, com a inauguração do Bloco Materno-Infantil e do Banco de Leite Humano no Hospital de Sobradinho, o leque de atendimento ampliou-se mais um pouco.

Com a estrutura existente, física e técnica, o Brasil é, hoje, exportador de tecnologia para criação, instalação, manutenção de bancos de leite, atuando também na formação de pessoal da área em vários países. O fortalecimento e expansão dessas políticas, e de outras voltadas para o atendimento à mulher e seus filhos, torna evidente os passos decisivos que o governo da presidente Dilma tem dado para a redução da mortalidade infantil e a melhoria da condição de vida da infância brasileira. Segundo fontes do Unicef, a mortalidade infantil no país caiu 73% desde 1990.

Para além dos benefícios físicos que o leite materno traz para a criança, gostaríamos de enfatizar o que tem sido afirmado pela ciência e pela psicologia sobre o ato de amamentar. O contato físico é de fundamental importância para o desenvolvimento de emoções básicas saudáveis no bebê, para o desenvolvimento da sua segurança, tranquilidade e autoconfiança. A amamentação enseja uma relação entre mãe e filha ou filho, portadora de emoções muito positivas.

Se bem construído, apoiado e valorizado, esse contato pode, ao lado de outros fatores, agir favoravelmente na prevenção das atitudes violentas e intransigentes que têm caracterizado o mundo atual. A incorporação na cultura da maternidade desse modus faciendi no qual predominam o afeto e a atenção, certamente, contribuirá para que nossas crianças se tornem mais predispostas a interações sociais saudáveis, respeitosas e pacíficas.

A mudança de mentalidade cultural requer, ainda, a participação de outros fatores, como a realização de campanhas permanentes e intensivas nas diferentes mídias e nos mais diferentes espaços, dirigidas às gestantes, às nutrizes e às jovens. Finalmente, para que possamos fazer o acompanhamento do impacto das ações empreendidas, deveríamos, por exemplo, colocar como meta para os próximos anos a diminuição da mortalidade infantil a índices bem próximos de zero, e estabelecer como condição a articulação de políticas, meios e recursos, como acabei de mencionar, de forma segura, séria e permanente.

As experiências vividas por mães, filhos e filhas no ato da amamentação precisam ser encaradas como um direito do qual não se pode e não se deve abrir mão. E cabe aos poderes constituídos assumir o compromisso de fazer a sua parte, implementando ações que ajudem a traduzir e consolidar essas experiências.

Fonte: Cofen.com

Imagem: Saudegeia.com.br