
Diminuir a desigualdade ainda é desafio
16/06/2013
"Diminuir a desigualdade ainda é desafio
Duas realidades Há domicílios com banheiros de menos ou carros demais
Na casa de Larissa, na Barra, cada um dos cinco moradores tem seu carro Custódio Coimbra / Agência O Globo
RIO - Nos painéis sobre condições de vida e renda dos cariocas, os técnicos do IPP expõem um panorama de como os habitantes da cidade vivem: como são suas casas, o que possuem e quais são os serviços de que dispõem. Revelam, com isso, muito do cotidiano dos cariocas nas diferentes regiões de planejamento da cidade. Mostram, por exemplo, que o Índice de Gini, que mede a desigualdade, ficou em 0,6392 no Rio. O número é maior que o registrado no Brasil como um todo (0,607) e menor que o 0,645 de São Paulo. Ou seja, mostra que a cidade é menos desigual que São Paulo, mas mais desigual que o país.
Sueli Quintanilha de Oliveira, de 39 anos, por exemplo, mora num barraco de 12 metros quadrados, de um único cômodo, no alto do Morro Dona Marta, em Botafogo. No pequeno espaço, há TV, colchão, aparelho de som, ventilador e fogão. Ela vive em um dos 11.688 domicílios da cidade (0,54% do total) que não têm banheiro de uso exclusivo, que contrastam com as 431 casas que têm nada menos que nove sanitários. Sueli tem que se virar como pode, usando latões e despejando os dejetos no mato.
— Fazer o quê ? — diz ela, resignada.
Sueli mora no barraco com o atual marido, Josinaldo, de 32 anos, há cerca de um ano. Ela não trabalha. Com pouco estudo, é difícil, reconhece. A dona de casa parou na segunda série e não sabe ler nem escrever. Está entre os 3.706 moradores da região de Botafogo que são analfabetos.
— Minha mãe não me deixou estudar. Eu precisava trabalhar — conta Sueli.
Os recenseadores do IBGE também perguntaram, nos domicílios a que foram, que bens duráveis os moradores possuíam. Os dois de maior destaque são televisão (presente em 98,9% das casas) e geladeira (em 98,8%). Em 89,3%, há rádios; em 89%, telefone celular. Cerca de 59% têm computador e, desse total, 88% têm acesso à internet. Na comparação entre 2000 e 2010, não houve grande variação na posse de bens no município. Os três pontos de maior destaque foram a queda do número de domicílios com rádio e o aumento da quantidade tanto de máquinas de lavar quanto de computadores e linhas telefônicas. Os moradores com máquina de lavar saíram de 62,1%, em 2000, para 76%, em 2010. No caso dos computadores, o percentual mais que dobrou, saindo de 22,6% para 59,1%. Já os com linhas telefônicas passaram de 52,8% para 74,2%.
O estudo mostra ainda que bairros com renda não tão alta apresentam percentuais relativamente significativos de domicílios com carro. São os casos das RPs de Campo Grande (39,4%), Jacarepaguá (42,1%) e Ilha (45,5%). Na Barra, por uma questão cultural e prática, 69,4% dos domicílios têm automóvel. É o caso da família Esteves Guerreiro, que, vivendo num condomínio do bairro, nos limites do Recreio, onde o transporte público é deficiente, optou por cinco carros, um para cada um: o casal e os três filhos. Larissa, de 25 anos, até tentou dividir o carro com um dos irmãos, que, como ela, estuda na PUC, mas os horários não permitiram:
— Com gasolina, entre a minha casa e a PUC, e o estacionamento, gasto cerca de R$ 500 por mês."
Fonte e Imagem: Oglobo.com