Diagnósticos imprecisos
18/04/2013
"Diagnósticos imprecisos
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Desacreditadas por muitos médicos, algumas doenças são difíceis de serem identificadas por apresentarem sintomas nem sempre encontrados em todos os pacientes. A fibromialgia e a depressão são exemplos de síndromes que não têm nem causas claras nem exames que as detectem com total segurança.
A fibromialgia é um conjunto de sintomas que produz mais frequentemente dor crônica difusa e afeta o sistema nociceptivo, de percepção da dor. Acomete mais mulheres do que homens e entre seus sintomas estão dores crônicas nos tecidos moles, músculos e tendões. Como não há um exame que diagnostique a doença, ainda há médicos que não acreditam na existência dela.
Ilustre desconhecida
Um estudo do Instituto Harris Interactive de 2011, encomendado pela farmacêutica Pfizer, mostrou que 77% dos clínicos gerais e 84% dos especialistas brasileiros acreditam que a fibromialgia não é muito conhecida, inclusive entre médicos. Essa pesquisa também mostrou que a prevalência da enfermidade é pequena no Brasil, com 2,5%. No Reino Unido, chega a 11%.
40%
dos pacientes com fibromialgia a mais de 15 anos de doença ficaram incapacitados de trabalhar. A renda familiar foi reduzida em 700 euros por causa da doença e mais de 50% dos pacientes passaram por 4 a 5 médicos antes de se estabelecer o diagnóstico, segundo pesquisa espanhola.
Estudo espanhol
Segundo um estudo espanhol feito em 2012 sobre o impacto familiar e laboral da fibromialgia, que abrangeu 35 centros de atenção primária, 44% dos entrevistados disseram que dependem parcial ou totalmente de algum membro da família para realizar algumas tarefas, de acordo com o reumatologista Antonio Collado.
Para outros, a doença é um desafio sério e real, embora não seja visível aos olhos , como ressalta o reumatologista espanhol Antonio Collado, coordenador da unidade de fibromialgia do Hospital Clinic of Barcelona e conselheiro científico do Ministério da Saúde da Espanha, que esteve no Brasil a convite da Pfizer para um encontro sobre dor e depressão no mês de março.
Para o reumatologista e assistente-doutor da disciplina de reumatologia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de S. Paulo (Unifesp), Milton Helfeinstein Jr., os sintomas relacionados à doença, como distúrbios do sono e alterações intestinais, acabam sendo mal interpretados. Se o médico envolvido não estiver atento, o paciente pode ser diagnosticado com síndrome do cólon irritado, aumentando os gastos e estressando-o ainda mais , diz.
Depressão
Assim como a fibromialgia, a depressão é uma síndrome, que tem como sintomas tristeza, desinteresse pelas atividades rotineiras, insônia ou excesso de sono e perda de apetite. Uma pesquisa da National Health and Wellness feita em 2011 com 12 mil brasileiros mostrou que aproximadamente 10% dos adultos apresentam alguns desses sintomas. Ela pode atingir diferentes órgãos e deixar sequelas no cérebro.
Para a psiquiatra e professora do departamento de Psiquiatria da Unifesp Luciana Sarin, um clínico geral treinado pode ser tão eficiente quanto um psiquiatra para fazer o diagnóstico. É importante preparar os médicos para identificar a doença em casos leves, já que o número de acometidos é grande , explica.
O professor do departamento de Psiquiatria da Universidade de Santo Amaro (Unisa) e ex-coordenador de saúde mental da Secretaria da Saúde do município de São Paulo, Kalil Duailibi, relata que nas unidades de saúde básica paulistanas, o paciente chegava a passar por até seis consultas antes de ser diagnosticado com depressão.
Os especialistas ressaltam a importância da psicoterapia associada aos medicamentos. O abandono do tratamento é uma das preocupações dos especialistas. O paciente melhora e os amigos, parentes e muitas vezes médicos acabam convencendo a pessoa de que não precisa mais do remédio, mesmo sem que a funcionalidade seja antes recuperada , diz Duailibi."
Fonte e Imagem: Cofen.com