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DF bate recorde em transplante de coração

15/09/2012

DF bate recorde em transplante de coração

Instituto de Cardiologia realiza 13 cirurgias neste ano e praticamente zera a fila de espera. Há apenas uma paciente aguardando. Os procedimentos com rins e fígados também aumentaram, assim como a disposição dos doadores

» ARIADNE SAKKIS

» THAÍS PARANHOS

Bastaram nove meses para o Distrito Federal atingir um número recorde de transplantes de coração. Entre janeiro e setembro, 13 pessoas passaram por esse procedimento no Instituto de Cardiologia (ICDF), um dos três hospitais que mais realizam a cirurgia no país. O máximo registrado até então ocorreu no ano passado: nove casos. O panorama também nunca esteve tão bom para quem aguarda um fígado ou um rim. A primeira modalidade voltou a ser realizada na capital e já beneficiou 27 pessoas e a segunda teve 25% de aumento de órgãos implantados em relação a 2011.

As estatísticas cresceram nas 72 horas entre terça e quinta-feira. Os médicos do IC fizeram dois transplantes de coração e três de fígado. A família de um doador de Mato Grosso do Sul proporcionou a nova chance a dois pacientes listados na espera do DF. O coração do homem de 45 anos, morto por um acidente vascular cerebral (AVC), agora bate no peito de uma mulher de 46. Nos últimos dois anos, ela aguardava a sua vez em Goiânia. Recentemente, havia sido transferida para Brasília. Sofria de miocardiopatia dilatada - o coração não consegue bombear o sangue e, para compensar, o órgão estende-se ainda mais, podendo ocorrer insuficiência cardíaca, arritmias e coágulos.

Uma vez retirado do corpo do doador, o órgão precisa ser transplantado em até quatro horas, tempo conhecido como isquemia. Por isso, saiu de Campo Grande (MS) num voo às 5h45 e chegou a Brasília duas horas depois. Às 8h, já estava na sala de cirurgia do ICDF. O transporte aéreo entre o aeroporto e o hospital contou com o apoio do Corpo de Bombeiros do DF. A operação terminou por volta de meio-dia de quarta-feira. Com a saída de dois pacientes da lista, resta apenas uma pessoa na espera por um coração.

Para o chefe da Unidade de Transplantes do IC, Fernando Atik, o aumento das operações é fruto de um trabalho de divulgação e de normatização desenvolvida pela Central de Captação de Órgãos do DF, o que tem garantido agilidade no momento de conseguir a doação.

Mas o fator que mais contribui para o desempenho do DF é o fato de a equipe apostar na captação em outras unidades da Federação. "Os outros serviços de captação do país costumam rejeitar o órgão quando a logística de transporte é difícil, mas nós temos aproveitado. Para se ter uma ideia, dos 13 transplantes de coração, sete órgãos vieram de doadores de fora", explica.

Do mesmo doador mato-grossense-do-sul veio ainda o fígado, que chegou a Brasília em outro voo. Essa parte do corpo consegue resistir por 12 após a captação. O beneficiado é um morador do DF de 62 anos, e que esperou apenas 15 dias para ser operado.

Até o ano passado, o DF não tinha credenciamento junto ao Ministério da Saúde para realizar transplantes de fígado. Agora, com o IC e o Hospital Brasília habilitados, já são 27 cirurgias concluídas de janeiro para cá. Delas, 23 ocorreram no instituto. Atualmente, 19 pessoas esperam por um órgão na capital federal.

As operações de rim também apresentam ritmo excepcional em 2012: são 55 intervenções, um aumento de 25% em relação ao ano passado. "Melhoramos a informação, o acolhimento da família do doador e o processo de notificação de potencial doador, que agora começa com o médico intensivista", explica Daniela Salomão, coordenadora de Transplantes da Secretaria de Saúde do DF.

Polo de doadores

O DF é uma das unidades da Federação com maior média de doadores. Enquanto a nacional é de 12,8 doadores por milhão de habitantes, a capital brasileira chega a 19,5, o terceiro maior do país, atrás apenas do Ceará e de Santa Catarina, cuja média é de 26,6. "É um número excelente. Já batemos a meta estabelecida para 2015, que era ter 15 doadores por milhão. Mas podemos ter mais", diz Daniela Salomão.

Essa guinada proporcionou mudança ne vida de milhares de pessoas, inclusive da professora aposentada Maria Pia Albuquerque, 55 anos. A moradora de Taguatinga considera a doação de órgãos como um gesto de amor entre duas pessoas que não se conhecem. Enquanto ela não sabia da necessidade de fazer um transplante, piorava a cada dia. Cada vez mais, perdia a força para realizar atividades simples. Viveu a agonia até 2007, quando entrou na fila à espera de um doador.

Maria Pia esperou quase um ano e meio para fazer a cirurgia. Foram seis tentativas frustradas até conseguir um coração compatível, em 2010. "Minha vida está maravilhosa, faço caminhada todos os dias, levo uma rotina normal, tenho sonhos e projetos que ainda quero realizar", comemorou.

Operações Ano Coração Fígado Rim Córnea 2011 9 0 44 161 2012 13 27 55 255

Var.% 44,4 - 25 58

Fonte: Cofem.empauta.com

Imagem: Portal.anoticiaemdestaque.com