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DF agora é polo de transplante

30/09/2012

DF agora é polo de transplante

Maior índice de doadores e ampliação de investimentos da rede pública fizeram com que o Distrito Federal aumentasse alguns tipos de cirurgias para a troca de órgãos, como corações e rins, nos últimos oito anos. Índice de doadores é 50% superior à média nacional

BRUNA SENSÊVE

» ARIADNE SAKKIS

Ao longo de 2004, o Distrito Federal realizou 18 transplantes de rim. Oito anos depois, 18 é o número de cirurgias feitas a cada dois meses e meio na capital federal. Os avanços vão além. Brasília já bateu com folga o recorde histórico de coração, com 13 cirurgias. Teve ano que o DF não fez nenhum procedimento dessa natureza. Por fim, os hospitais locais voltaram a atender pacientes na fila por um fígado. Esse tipo de transplante já somou 30 operações este ano. A última aconteceu na sexta-feira. O bom desempenho alçou a capital ao grupo das cinco unidades da Federação mais atuantes nesse setor da saúde pública.

O resultado do aumento de investimentos e aperfeiçoamento do serviço prestado trouxe alívio para dezenas de pessoas que antes se viam diante da necessidade de sair de Brasília para enfrentar filas de outros estados. "Agora, o movimento é contrário. Passamos a atrair pessoas de outros estados, que vêm tentar a sorte aqui", diz a coordenadora da Central de Captação de Órgãos da Secretaria de Saúde, Daniela Salomão. Não há dados estatísticos sobre essa migração, pois o sistema não informa o local de moradia do paciente operado.

A possibilidade de atender pessoas de fora tem a ver com a alta taxa de doadores em relação à população. O DF tem 19,5 doadores a cada milhão de habitantes, índice 50% superior à média nacional, de quase 13. "Brasília apresentou números fantásticos de doadores e pode melhorar ainda mais. É importante ter centros de referência regionais, mas o país também precisa multiplicar as unidades de transplante. É muito sofrimento para um paciente ter que ficar longe de casa", explica o vice-presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, Lúcio Moreira.

A campanha nacional da Associação de Medicina Intensiva do Brasil (Amib) deste ano, focada em incentivar os médicos intensivistas a fazerem a notificação de potenciais doadores dentro dos centros de terapia, também colaborou para turbinar os números. No ano passado, por exemplo, a taxa de doadores ficou em 11,3. Além disso, parcerias com as Forças Aéreas e com o Corpo de Bombeiros fizeram com que equipes daqui pudessem buscar órgãos nos estados. "Acredito que despontamos porque passamos a investir em captação fora daqui, o que pode ser muito caro", diz Fernando Atik, coordenador de Transplantes do Instituto de Cardiologia.

No caso de coração, a oferta cresceu em descompasso com a fila. As equipes do IC estão trabalhando abaixo da capacidade por falta de pacientes. Atualmente, não há ninguém na espera. "Acredito que estamos no caminho certo, mas podemos fazer ainda mais. Em setembro, não aproveitamos um coração captado aqui por falta de receptores", explica Atik. Segundo o médico do instituto, pelo menos cinco pacientes estão em fase de exames para entrar na fila. Uma delas é um bebê.

Modalidades

Até o fim do ano, o centro de excelência do DF deve ampliar as modalidades de transplante ao iniciar o procedimento de implantação de pulmão, hoje disponível apenas no Rio Grande do Sul, São Paulo e Ceará. "Esperamos, no ano que vem, começar também os transplantes de rim", completa Atik. A meta é aumentar a capacidade de atendimento do Hospital Universitário de Brasília (HUB), hoje referência em transplante de rim e córnea. A ideia é iniciar as cirurgias de medula e coração na unidade.

Com isso, provavelmente os hospitais se beneficiarão com as mudanças feitas recentemente pelo Ministério da Saúde na remuneração aos hospitais transplantadores. Quanto mais modalidades disponíveis e melhor o desempenho da instituição maior é a remuneração repassada pelo governo federal.

Quando o assunto é rim, no entanto, a fila é bem superior à oferta. Até o último dia 28, Brasília havia feito 62 transplantes, o maior número da história da capital. Em compensação, 177 pessoas aguardam a sua vez. Gente como Iolanda Resende Farias, 50 anos, portadora de um mal genético incurável. "Eu não tenho vida social por causa da diálise peritoneal, que faço a cada quatro horas. Não consigo nem sequer ir ao cinema com meu filho", conta.

Ela se inspirou nos relatos do servidor público Edílcio de Oliveira Cruz, 46 anos, e de José Marcos Sócrates Teixeira, 60, chefe do Laboratório Central do DF. Ambos passaram por transplante de rim do HUB, sendo Edílcio o primeiro da história do hospital. "Você precisa ter fé, acreditar que o dia vai chegar. Quando o meu chegou, foi o dia mais feliz da minha vida. Sou muito grato", garante Edílcio.

Filtro Esse procedimento é feito pelo próprio paciente. Uma solução de diálise é infundida na cavidade abdominal. Conforme o sangue circula pela membrana peritoneal, tecido semipermeável que reveste internamente o abdômen, as impurezas e a água do sangue são absorvidas pela solução de diálise.

Fonte: Cofen.com

Imagem: Cofen.com