
Déficit de médicos por todo o País
19/05/2013
"Déficit de médicos por todo o País
Madalena Romeo
Agência O Globo
Em meio à polêmica sobre a contratação de médicos estrangeiros para suprir a falta de atendimento em cidades do interior, o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), do Ministério da Saúde, não consegue cumprir seu objetivo e equilibrar a distribuição desses profissionais pelo País.
Na segunda edição do programa, cuja contratação ocorreu em março, menos da metade (1.301) de 2.856 cidades que requisitaram profissionais foi atendida. Ao todo, as prefeituras pediram apoio federal para contratar 13.196 médicos. Porém, apenas 3.800 (28,79%) apareceram para preencher essas vagas.
O Pará só perde para o Maranhão no déficit de médicos no Brasil, de acordo com o Conselho Federal de Medicina. Porém, 10 entre os 50 municípios do Estado que se inscreveram no programa não receberam médicos. A diretora de Gestão de Trabalho da Secretaria de Saúde do Pará, Sônia Bahia, admite que nem mesmo com o incentivo houve interesse pelas regiões mais remotas e rurais, localidades com menos de um médico por mil habitantes. Curiosamente, três municípios da Região Metropolitana de Belém com 3,4 médicos para cada mil habitantes receberam quase 30% dos profissionais que ganham bolsa de R$ 8 mil e bônus de 10% na pontuação para residência médica.
Os profissionais se inscreveram para trabalhar na Região Metropolitana ou em cidades do interior com melhor infraestrutura ou ao redor delas. Ainda temos alguns desafios pela frente , observa Sônia, que aposta no remanejamento de vagas do Provab para receber reforço.
As desistências ocorrem em todo o país e não são raras. Ao todo, de 4.392 médicos que começaram a trabalhar em março, 592 (13%) desistiram. No começo de 2012, reportagem do Globo revelou que 480 cidades não tinham nenhum médico residente, especialmente em áreas remotas das regiões Norte e Nordeste. Hoje, os números oficiais mostram que apenas 37 delas foram beneficiadas pelo Provab, recebendo ao todo 42 profissionais. Essa conta exclui eventuais desistências.
Ainda assim, foram os municípios com até 0,5 médicos por mil habitantes metade do mínimo exigido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) que receberam o maior número de médicos graças ao Provab (1.514). Na primeira fase do programa, em 2012, 1.460 médicos se inscreveram, mas apenas 460 começaram a trabalhar e 381 ficaram até o final, em jornada de 32 horas semanais e 8 horas de atividades acadêmicas.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reconheceu que é difícil a missão de fixar médicos no interior do Brasil e usa a falta de preenchimento das vagas do programa para justificar a contratação de médicos formados em outros países, como Espanha, Portugal e Cuba.
Ele ressalta que o Provab é apenas uma das iniciativas do governo para levar médicos às periferias das grandes cidades e a municípios do interior do país. Essa demanda só reforça o fato de que o País precisa de mais profissionais . O Brasil tem 1,8 médicos por mil habitantes. A Argentina tem 3,2."
Fonte: Cofen.com
Imagem: Oglobo.com