![](/fmanager/gelson/noticias/t/imagem3468_2.jpg)
'Crise no InCor está totalmente superada', diz Fábio Jatene
15/10/2012
14/10/2012 - 03h00
'Crise no InCor está totalmente superada', diz Fábio Jatene
Publicidade
ELVIS PEREIRA
DE SÃO PAULO
O InCor (Instituto do Coração), na zona oeste paulistana, deixou os dias de crise para trás, segundo o presidente do conselho diretor da unidade, Fábio Jatene. Em entrevista à sãopaulo, além de relatar a situação da saúde financeira do hospital, o médico mencionou medidas adotadas e planejadas para tentar reduzir as filas de espera por cirurgias e para tentar desafogar o pronto-socorro.
Em meio a fama e filas, HC planeja reforma e novos institutos
Uma das mudanças recentes, segundo Jatene, foi o fim do tratamento diferenciado a pacientes com planos de saúde e do SUS [Sistema Único de Saúde] na unidade de emergência. "Hoje, misturou. Não permitimos mais que fique leito ocioso."
sãopaulo - Como o sr. define a situação do Incor hoje?
Fábio Jatene - A crise está totalmente superada, inclusive em relação à Fundação Zerbini [mantenedora], que segue quitando suas dívidas. Voltou à normalidade. Talvez, hoje, devamos 25% ou 30% do montante da dívida [em 2007, era de R$ 336 milhões].
O pronto-socorro deixou de ter a "dupla porta"?
Fala-se muito sobre o atendimento do SUS e do convênio. Mas, desde que vim para cá, há quase 30 anos, é assim que funciona. Temos a grande massa de atendimento do SUS, de cerca de 80%, e uma parte de até 20%, no máximo, para conveniados. A finalidade da instituição é atender a maior quantidade de pacientes do SUS. Em nenhum momento, pensamos em passar [os convênios] para 30%, 40%, 50%. Nunca. Quando atendo um paciente, não sei se ele é SUS ou convênio.
No PS não há diferença?
Até um tempo atrás, tínhamos exclusivamente a parte do SUS e exclusivamente a do convênio. Mas, hoje, misturou. Não permitimos mais que fique leito ocioso.
Mas se houve mudança era necessário corrigir.
Não diria em relação ao convênio ou ao SUS, mas em relação à quantidade de pacientes que atendemos. O problema é que leitos de emergência são muito requisitados. E o instituto tem a porta aberta. Percebemos que essa demanda é muito alta, além da capacidade instalada.
A demanda continua crescendo?
Não diria que continua crescendo, mas que é alta. Se o paciente vem para um procedimento e não quer ir embora, é um lugar que entra mais gente do que sai. E temos uma capacidade instalada. Se continuar colocando gente para dentro e não tirar pessoas na mesma proporção, vai ter uma pletora [excesso]. Isso acontece em muitos setores, porque temos dificuldade de contrareferir. Temos mecanismos, mas não são muito simples. A secretaria [de Estado da Saúde] está preocupada com isso e a prefeitura também.
O horário de atendimento foi estendido?
Não diria o de atendimento. Em algumas áreas estamos fazendo exames fora do horário. A cada 25 dias, aprovamos um novo horário para atendimento em laboratório, muito além das 18h para dar conta da capacidade. E fazemos procedimentos padronizados num fim de semana [mutirões]. Essas pessoas seriam atendidas ao longo de semanas e meses, mas em um dia fazemos várias [cirurgias].
As filas de espera para cirurgias continuam grandes?
Para algumas áreas. Cirurgias não são todas as áreas que têm. Mas, por exemplo, em congênitos [pacientes com malformação do coração], que é um problema nacional, não só do nosso hospital. Estivemos no ministério [da Saúde] recentemente para sugerir propostas para equacionar melhor o atendimento. Crianças pequenas poucos lugares atendem. Quando um faz bem como o nosso, as pessoas referem e aí evidentemente essas crianças passam na frente de outras pessoas, porque, se ela não fizer, morrerá. Aí acaba acumulando. Mas, de maneira geral, temos convivido bem com isso.
Como está a construção do bloco 3?
Havia pendências jurídicas envolvendo as construtoras. Fomos informados que isso foi resolvido. Estamos aguardando a assinatura dos contratos entre a superintendência e as companhias [um consórcio] que vão fazer. Em questão de dias começamos as obras.
Qual setor desse novo prédio vai aliviar a atual demanda?
Um pouco de tudo. A área do térreo vai ser emergência cardiológica e pneumológica. Não há planos de aumentar o número de leitos, mas distribuir melhor. Temos, às vezes, locais acanhados, que ficaram sobrecarregados. A ideia é adaptar melhor a UTI, ter melhores equipamentos. Não é atender mais, mas melhor, com conforto e instalações modernas. Depois, vamos ter área de hemodinâmica, de preparo para material e de método diagnóstico.
Há planos de outras mudanças?
Temos um projeto de reforma de dois andares, que são antigos. Já reformamos alguns, mas não todos. Outra obra que temos bastante expectativa é o nosso centro de experimentação, que está previsto em R$ 8 e R$ 10 milhões, pois essa é uma instituição de ensino. Nosso perfil é diferente de um hospital assistencial. Treinamos pessoas e isso é indispensável. Todo hospital cardiológico tem alguém treinado aqui. Por favor, fale das nossas pesquisas. Essa é uma instituição notória, de excelência absoluta, que presta atendimento para o SUS que outros lugares prestam para pacientes privados. Criticam que o SUS é uma porcaria, mas aqui não é. Claro que há dificuldades, ficamos o tempo inteiro readequando rumos. Mas ficamos atentos o tempo inteiro e temos pesquisas de altíssimo nível. No geral, temos mais virtudes do que problemas.
Fonte: Folha.com
Imagem: Noticias.uol.com.br