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Crack: um leito de internação para cada 170 usuários

05/02/2013

"Crack: um leito de internação para cada 170 usuários

No Instituto Volta Vida, a diária de internação custa, em média, R$ 60

Há cerca de 170 usuários de drogas para cada leito de internação exclusivo de dependência química em Fortaleza. Os cálculos foram feitos com base em números de pesquisa da Central Única das Favelas (Cufa), no Ceará - que aponta 30 mil usuários de crack apenas na Capital - e na quantidade de 176 leitos de internação, número apurado por O POVO no fim de 2012.

Em Fortaleza, são 32 vagas de desintoxicação em hospitais: 20 no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto, em Messejana, e 12 na Santa Casa de Misericórdia. Há ainda 24 leitos de acolhimento em dois dos seis Centros de Atenção Psicossocial/Álcool e Drogas (Caps AD) da Capital e 120 vagas, somente na rede municipal, em comunidades terapêuticas. O POVO tentou entrevistar a titular da Coordenadoria de Políticas Sobre Drogas, Juliana Sena, mas a assessoria da Prefeitura não deu resposta até o fechamento desta edição.

O Governo do Estado disponibiliza 44 leitos psiquiátricos em hospitais gerais em Fortaleza e 55 no Interior do Ceará. Em hospitais psiquiátricos, o número sobe para 953, embora 343 estejam em processo de descredenciamento. "A gente tem uma carência de leitos. Não tem espaço para eles nos hospitais gerais. Antes existia um preconceito de não querer receber os dependentes químicos. Mas o Estado tem facilitado e acho que essa abertura e essa articulação tem acontecido, ainda que timidamente", afirma Virna de Oliveira, supervisora do Núcleo de Atenção à Saúde Mental da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa).

O custo de uma diária de internação em hospital psiquiátrico e nas comunidades terapêuticas conveniadas (Shalom, Nova Vida, Mãe da Divina Providência e Leão de Judá) é de R$ 40. Em hospitais gerais, esta mesma diária pode chegar a R$ 300.

Na comunidade terapêutica Instituto Volta Vida (IVV), sem convênio com o poder público, a diária custa, em média, R$ 60. Desde que a instituição foi criada, Osmar Diógenes, coordenador do IVV, estima que tenham passado 5 mil dependentes. Segundo ele, o percentual de recuperação é de 55%. Osmar defende que o tratamento completo do dependente envolve a família e a correção de valores. "A família tem que se tratar. A família adoece também. As nossas reuniões são para tratar a família. Quando a família se trata, há muito mais possibilidade de recuperação".

No único hospital da Cidade a dispor de 20 leitos exclusivos para dependência química, o da Saúde Mental de Messejana, funciona o centro de convivência "Elo da Vida", que atende por dia até 30 pacientes que vêm encaminhados após a desintoxicação. Há um projeto de ampliação do centro e do hospital orçado em R$ 6 milhões que aguarda autorização do Estado para a construção.

Segundo o diretor do hospital, Marcelo Theophilo, está prevista a construção de 20 leitos femininos na Unidade de Desintoxicação - que hoje atende exclusivamente homens - e de 30 vagas, também para mulheres, no Elo De Vida. Marcelo explica que os leitos serão transferidos da unidade geral de psiquiatria. Desde 1993, uma lei estadual impede a criação de novos leitos psiquiátricos.

Socorro França, assessora especial de Políticas Públicas sobre Drogas - cargo criado há pouco mais de um mês pelo Estado - vem se articulando com especialistas na área para elaborar projetos de ação e prevenção. Entre eles, está a criação de um Centro de Referência sobre Drogas, onde será feita uma primeira abordagem e os pacientes poderão ser encaminhados para os locais adequados. Não haverá leitos de internação. Com o Exército, está sendo fechada parceria para o ensino de música aliada ao esporte em comunidades vulneráveis ainda não definidas. Para este semestre, a assessora pretende criar três unidades móveis de consultórios de rua.

Saiba mais

Não há levantamento oficial - nem do Estado, nem do Município - do número de usuários de drogas.

A Prefeitura de Fortaleza foi procurada, mas não soube informar o atual número de leitos de internação para dependentes químicos, a quantidade de usuários de crack em Fortaleza e de pacientes nas listas de espera para internação nos equipamentos públicos."

Fonte: Cofen.com

Imagem: Cofen.com