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Cirurgia bariátrica em teste controla diabete em paciente com sobrepeso

09/02/2013

Cirurgia bariátrica em teste controla diabete em paciente com sobrepeso

Saúde. Inserção de um tubo flexível e impermeável no interior do intestino reduziu diabete tipo 2 em voluntários com obesidade leve ou sobrepeso; atualmente, Conselho Federal de Medicina autoriza outras técnicas cirúrgicas para pessoas com IMC acima de 40

Mariana Lenharo

Uma técnica experimental de cirurgia bariátrica, que consiste na inserção de um tubo flexível e impermeável no interior do intestino do paciente, foi capaz de promover o controle da diabete tipo 2 em voluntários com obesidade leve ou sobrepeso. A conclusão é de um estudo do Hospital Oswaldo Cruz, de São Paulo, publicado neste mês na revista científica The Journal of Clinicai Endocrinotogy & Metabolism.

A pesquisa analisou o efeito da técnica em 16 pacientes com índice de Massa Corporal (IMC) médio de 30. Hoje, o Conselho Federal de Medicina (CFM) autoriza a cirurgia bariátrica para pacientes com IMC acima de 40. Caso sejam comprovadas doenças como diabete tipo 2, hipertensão arterial, doença coronariana, artrites e outras comorbidades, o procedimento também pode ser feito em pessoas com IMC entre 35 e 40.

A hipótese testada pelos pesquisadores era de que o procedimento também promoveria o controle da diabete entre os menos obesos. Ao final de um ano, isso foi comprovado em 12 pacientes, 75% da amostra. A técnica testada é chamada de manga intestinal endoscópica ou exclusão duodenal.

Um revestimento de fluoropolímero de 60 cm de comprimento é inserido, por via endoscópica, no intestino do paciente. O dispositivo é preso por um anel, fixado logo no início do intestino. Não há cortes. Por ser impermeável, o tubo impede a absorção dos alimentos ingeridos.

Ao final do experimento, o IMC médio dos pacientes havia caído 3,6 pontos. O nível médio de glicemia de jejum caiu de 207 para 155 mg/dL. Outros indicadores, como triglicérides e colesterol, também apresentaram melhora. Depois de 12 meses - período no qual foi reduzida a quantidade de remédios para controle da diabete - o dispositivo foi retirado dos pacientes.

O cirurgião Ricardo Cohen, um dos autores da pesquisa, explica que o dispositivo é feito para ficar no corpo do paciente por um ano. No caso dos participantes do estudo, 40% mantiveram a medicação reduzida mesmo depois da retirada do aparelho.

"Esse estudo é mais uma mostra de que intervenções que desviem a comida do contato do início do intestino delgado têm efeito positivo sobre o controle metabólico", diz Cohen.

O médico afirma que a maioria dos diabéticos no Brasil e no mundo tem IMC menor que 35. "Mesmo com o progresso do tratamento medicamentoso, o controle ainda é difícil. Nossa linha de pesquisa é dedicada a ajudar no tratamento adequado dos diabéticos não compensados com o melhor tratamento clínico", diz.

O médico Luiz Carlos Barbirato, de 56 anos, foi um dos voluntários do estudo. "Tive uma evolução boa. Era hipertenso e diabético. Em três meses, o remédio para hipertensão diminuiu pela metade. Em seis meses, o remédio para a diabete também foi reduzido para a metade. Em um ano, a glicemia quase tinha voltado ao normal", diz.

Com o dispositivo, Barbirato, que pesava 112 quilos, perdeu 18. "Depois que tirei o aparelho, aumentei um pouco o peso. Estou com 4 quilos a mais, mas isso está se mantendo."

Outro voluntário, o eletricista Manoel Messias, de 46 anos, conta que os efeitos positivos do procedimento persistiram por um ano após a retirada do dispositivo. "Perdi a vontade de comer doces e frituras. Então, como me adaptei a uma outra alimentação, ficou melhor para mim e a diabete caiu bastante."

Unicamp. Recentemente, pesquisadores da Unicamp publicaram os resultados de uma pesquisa parecida no periódico Annals of Surgery. Um grupo de 18 pacientes com IMC entre 25 e 30 se submeteu à retirada cirúrgica do duodeno, que liga o estômago ao intestino. Um dos autores do estudo, Bruno Geloneze Neto, membro da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, explica que, apesar dos bons resultados para o controle da diabete, a cirurgia ainda não traz vantagens em relação ao tratamento com remédios.

"Houve uma melhora da diabete em todos os pacientes, porém a melhora foi correspondente à de um tratamento clínico bem feito. Não justifica, em nosso ponto de vista, a cirurgia." Ele acrescenta que a operação pode trazer riscos desnecessários.

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Vantagem

RICARDO COHEN

CIRURGIÃO

"Sendo um procedimento endoscópico, teoricamente os riscos são menores. Tem como grande vantagem diminuir a resistência dos tecidos à ação da insulina, levando a um controle da glicemia e dos outros fatores que normalmente acompanham a diabete descompensada, que são os níveis elevados de colesterol e triglicérides."

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Indexação

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA

CFM

Bypass gástrico

Y de Roux

Banda gástrica ajustável

Gastrectomia vertical em manga (sleeve)

Derivação bílio-pancreática (duodenal switch)

Fonte: Cofen.com

Imagem: Cofen.com