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Células-troncos embrionárias recuperam audição de roedor

13/09/2012

Células-troncos embrionárias recuperam audição de roedor

Pesquisa britânica abre caminho para terapia em seres humanos

Uma pesquisa inédita com células-tronco embrionárias (CTE) humanas permitiu um avanço na busca de uma cura para a surdez. Cientistas da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, restauraram parcialmente a audição de gerbos, uma espécie de roedor, abrindo margem para o uso de tecnologia semelhante para o tratamento médico em humanos.

Na média, a audição dos gerbos, que tiveram surdez induzida para participar da pesquisa, melhorou 46%. Em termos humanos, significa sair de uma situação em que uma pessoa seria incapaz de ouvir um caminhão passando e melhorar a ponto de conseguir manter uma conversa em um local fechado.

Os gerbos, usados na pesquisa devido à semelhança do seu sistema auditivo de audição com o os humanos, sofreram intervenções químicas em uma orelha. Cerca de 500 mil células nervosas do ouvido interno foram implantadas por uma pequena incisão feita atrás da orelha.

O experimento pode ser usado para curar uma forma de surdez conhecida como neuropatia auditiva, caracterizada por danos no nervo coclear - que faz a ligação do ouvido interno ao cérebro. A melhoria da audição dos gerbos foi medida por uma técnica conhecida como audiometria de respostas evocativas, que mede sinais elétricos emitidos pelo cérebro quando recebe uma estimulação sonora.

A partir das células-tronco, foi possível produzir tanto as células ciliadas do ouvido interno quanto neurônios auditivos. Danos nos dois tipos de células podem causar surdez, mas os pesquisadores só conseguiram implantar as neurais nos gerbos.

Novas pesquisas devem analisar se um implante coclear completo restauraria a audição de quem têm danos nas células ciliadas do ouvido interno - que atua como uma ligação entre o nervo coclear e o cérebro.

Embora não esteja "100% certo" de que as células reagirão da mesma forma quando implantadas em ouvidos humanos, Marcelo Rivolta, autor-chefe do estudo, publicado esta semana na revista "Nature", pretende converter o seu trabalho em tratamento médico. Para ele, há provas de que uma CTE pode reparar um ouvido prejudicado.

- Mas ainda precisamos de mais investigações antes de começar os testes clínicos - ressaltou, ao GLOBO. - Não sabemos como é a recuperação a longo prazo, se o tratamento é seguro, e queremos detalhes sobre a biologia do sistema. São informações cuja coleta levará vários anos.

A ressalva relacionada ao tempo de recuperação também foi lembrada por Tanit Ganz Sanchez, presidente da Associação de Pesquisa Interdisciplinar e Divulgação do Zumbido:

- A maioria dos animais tem surdez de pouco tempo de existência, provocada dentro do laboratório para fins de pesquisa. Com os humanos, a maioria dos pacientes com surdez profunda tem longo tempo de evolução. Isso implica diretamente a complexidade da situação: além de lesões nas células do ouvido, quanto maior o tempo de surdez, maiores as lesões também nos neurônios auditivos.

Coordenador do Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (Lance-UFRJ), Stevens Rehen, que não participou do estudo, é otimista em relação aos avanços obtidos pela equipe de Rivolta:

- Restabelecer a capacidade de ouvir usando CTE abre caminho para tratamento com células para a neuropatia auditiva. Combinada a um implante coclear, poderia oferecer uma solução terapêutica definitiva para uma grande quantidade de pacientes hoje sem terapia.

Fonte: Cofen.empauta.com

Imagem: Cofen.empauta.com