Cápsulas contra a esquistossomose
12/02/2013
"Cápsulas contra a esquistossomose
Fotos: Coppe/UFRJ/Divulgação
O projeto pioneiro é uma parceria entre a UFRJ e a Fiocruz Técnico trabalha na Planta-Piloto de Polímeros: criação do laboratório busca evitar rejeição das crianças a remédio amargo
Laboratório da UFRJ desenvolve nova forma de tratar a doença. O produto, que vai beneficiar principalmente as crianças, deve chegar ao mercado em 2015
» Marcos Celestino
Belo Horizonte - Um projeto pioneiro na produção de nano e micropartículas, conduzido pela Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), deve em breve fornecer ao país e a outras nações em desenvolvimento uma forma mais eficaz de combater a esquistossomose, doença que acomete 200 milhões de pessoas no mundo, sendo a maioria crianças. No Brasil, o número de casos chega a 8 milhões. Trata-se da Planta-Piloto de Polímeros, que tem como uma de suas principais pesquisas o encapsulamento do praziquantel, medicamento que combate a doença causada pelo parasita Schistosoma mansoni. Além disso, a unidade desenvolve estudos em outras áreas importantes para a saúde pública, como o combate ao câncer.
Orçado em R$ 11 milhões, o projeto tem financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Desenvolvido em parceria com a Fundação Oswlado Cruz (Fiocruz), a planta de polímeros poderá produzir o praziquantel para uso pediátrico - esse trabalho tenta resolver a baixa adesão das crianças ao tratamento devido ao sabor amargo do medicamento e também à sua baixa solubilidade.
De acordo com o professor José Carlos Pinto, coordenador do laboratório da Coppe/UFRJ, as pesquisas já se encontram em estágio avançado, e o produto poderá chegar ao mercado em 2015. "O projeto está em uma fase avançada. Fizemos testes bem-sucedidos in vivo em animais de pequeno porte e agora entraremos na fase de testes em animais superiores para, posteriormente, começarmos a comprovação da eficácia do tratamento em seres humanos", afirma.
O vanguardismo brasileiro poderá render frutos para outros países que convivem com a esquistossomose. A nova apresentação do fármaco (uma nanocápsula que se abre somente ao encontrar o local exato de ação, já na corrente sanguínea) poderá ser comercializada para outras nações. "Isso é uma questão de estratégia da Fiocruz/Farmanguinhos (parceira do Coppe no projeto), mas minha resposta seria que (a comercialização deve ocorrer) sim. Até porque essa é uma doença negligenciada, pois acomete países pobres, e pesquisas são geralmente muito caras", destaca.
O professor também comenta o êxito da Planta-Piloto de Polímeros e sua importância, por se tratar de um centro de excelência científica e tecnológica. "É o primeiro local do Brasil e, arrisco-me a dizer, um dos poucos no mundo que permitem a produção de materiais nanoencapsulados em grandes quantidades (até 200kg por dia). Ele servirá de plataforma para o desenvolvimento de medicamentos e produtos. É um ambiente próprio e adequado para esse tipo de atividade", acrescenta José Carlos Pinto. A técnica aplicada no praziquantel é o primeiro projeto do laboratório. Vale lembrar que, na escala de unidades, um nanômetro equivale a uma milionésima parte de um metro.
Outras pesquisas
A planta-piloto tem outros projetos em andamento, como o que permitirá que protetores solares mais avançados sejam comercializados: nesse caso, as nanopartículas aprisionam o filtro solar, fazendo com que ele aja por mais tempo na pele.
A equipe da Coppe trabalha também na produção de micropartículas de polímero para tratar câncer por meio da técnica de embolização, que consiste na obstrução proposital de uma veia ou artéria específica por intermédio de agentes embólicos. A patente para essa tecnologia já foi requerida, e a equipe de pesquisadores vêm obtendo resultados positivos."
Fonte: Cofen.com
Imagem: Cofen.com