Avanço de emprego no País impulsiona hospitais privados
26/03/2013
"Avanço de emprego no País impulsiona hospitais privados
Maria Carolina De Ré saúde
SÃO PAULO
Com receita total que deve superar R$ 67 bilhões 2012, o mercado de saúde privada vem crescendo apoiado na alta dos empregos no País. Segundo o Instituto Estudos de Saúde Suplementar (IESS) entre janeiro e setembro de 2012 [data da última compilação da Agência Nacional de Saúde Suplementar usada na pesquisa do IESS] os planos coletivos (empresariais) cravaram alta de 4%. Já os individuais tiveram alta de 1,9%. Segundo o instituto, o Brasil conta hoje com 48,6 milhões de beneficiários de plano médico-hospitalar privado, dos quais cerca de 37,4 milhões têm plano coletivo, e 9,9 milhões, individual.
"Os números mostram que os planos empresariais cresceram quatro vezes mais que o produto interno bruto (PIB) do Brasil [que fechou 2012 com alta de 0,9%]. A alta do emprego está sustentando o bom desempenho dos planos de saúde e dos hospitais privados porque as empresas estão oferecendo planos de saúde a seus funcionários", disse Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS.
Atuando em um mercado que cresce junto com o acesso da população média, grandes hospitais estão ampliando unidades e leitos. Dados divulgados no mercado em 2012 estimaram que no ano passado um grupo de 60 hospitais privados faria aportes que poderiam chegar ao montante de R$ 1 bilhão.
A maior parte deste dinheiro saiu dos cofres dos principais players do setor, como a Rede D'Or São Luiz, Sírio-Libanês, Albert Einstein, Mater Day e Moinhos de Vento, que executaram ou concluíram obras de expansão e de melhoria.
Problemas
Enquanto a criação de emprego ainda é favorável e continua atuando como principal fator que sustenta alta de planos e hospitais de maior porte, as instituições privadas menores, principalmente as Casas de Misericórdia sem fins lucrativos, sofrem para manter suas estruturas.
Francisco Balestrin, presidente da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp), disse em entrevista ao DCI que a explicação para o problema é simples: a proibição de investimentos e de capital estrangeiro no setor.
"A maioria das unidades hospitalares no Brasil foi criada por ações de filantropia. Hoje as grandes fontes de recursos usadas para financiamento no setor de saúde do País são os bancos privados e o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). As unidades que vivem de doações, principalmente as Casas de Misericórdia, têm muita dificuldade de conseguir dinheiro nestas fontes porque não tem estrutura organizada nem conseguem oferecer as garantias pedidas nos financiamentos", contou Balestrin.
Para o presidente da Anaph existe no País um cenário onde não é fácil captar empréstimos, nem acesso a um "dinheiro" mais barato, fato que esta corrói lentamente as instituições de saúde.
"A proibição de capital estrangeiro prevista no parágrafo três do artigo 199 da Constituição Federal [que veda a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos em lei] atrapalha o setor porque a rigor as empresas não conseguem ter acesso a crédito mais barato, por isso apenas as grandes conseguem investir e a formação de redes de hospitais é pequena", disse o especialista.
A Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo apontou que os hospitais beneficentes iniciaram este ano com dívidas de R$ 12 bilhões. A associação estimou que até o fim do ano o valor deve chegar a R$ 17 bilhões.
Mercado
Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Ministério da Saúde, cujo último levantamento oficial data de 2010, o País possui 4.684 hospitais privados. Destes, 1.930 estão no sudeste, que concentra o maior número de unidades; 1.060 no nordeste; 907 no sul; 553 no sudeste e 255 no norte."
Fonte e Imagem: Cofen.com