Anvisa proíbe venda de chás "emagrecedores"
26/10/2012
Anvisa proíbe venda de chás "emagrecedores"
Ed Alves/Esp. CB/D.A Press - 4/10/11
Para a Anvisa, produtos sem registro não passam por fiscalização e podem causar danos à saúde do consumidor
Governo proíbe a produção e a venda de emagrecedores à base de ervas. Os produtos não foram submetidos aos testes de eficácia e de segurança
RENATA MARIZ
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a produção, venda e publicidade de cinco produtos que prometem auxiliar no emagrecimento. São eles: Emagrecedor Sem Dieta Dulopes (da Dulopes Comércio de Produtos Naturais Ltda), 30 Ervas Emagrecedor, Uxi Amarelo, Unha de Gato e Engordar (da Chá Diet Ltda) foram considerados ilegais porque os fabricantes não têm registro na Anvisa, o que impede a avaliação quanto à segurança e eficácia dos produtos. Mais 14 empresas de vários segmentos - detergentes, mata-moscas, amônia e fortificantes - foram fechadas pela agência, ontem, devido à falta de autorização para funcionar.
Por não ter o registro na agência reguladora, os produtos são classificados como clandestinos. As empresas ficam sujeitas a multas de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão por comercializar itens que podem prejudicar a saúde do consumidor.
Para Henrique Suplicy, especialista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a decisão da Anvisa foi acertada, uma vez que não há qualquer comprovação da eficácia dos emagrecedores. "Sem contar que esses produtos, ao contrário do que muitos pensam, podem ter efeito colateral. Não é porque são plantas que não fazem mal à saúde de quem as utiliza", destaca o endocrinologista.
Suplicy relaciona a proliferação de produtos à base de ervas e chás no mercado à proibição, feita também pela Anvisa há cerca de um ano, de emagrecedores derivados de anfetamina. "Esses remédios que funcionavam de fato foram retirados de circulação. E a falta de opções dos pacientes que sofrem de obesidade acaba incentivando o surgimento dessas falsas promessas", diz ele. Hoje, dos poucos remédios para emagrecer ainda permitidos no país, a sibutramina, que não tem base anfetamínica, é um dos mais receitadas pelos médicos. "Mas há muitas restrições, a Anvisa não se deu conta de que proibir indiscriminadamente os medicamentos é uma forma simplista de tentar resolver o uso abusivo que se fazia deles", alfineta o especialista.
Obesidade avança
A Anvisa tem se manifestado publicamente pela manutenção da proibição dos emagrecedores à base de anfetaminas, com o argumento de que os remédios não têm eficácia comprovada nem sustentável. Pelos dados da agência, cerca 90% dos pacientes abandonam o tratamento após três meses, e menos de 10% usam os remédios por mais de um ano.
Enquanto o debate sobre o papel desse tipo de medicamento parece longe do fim, o problema do excesso de peso só aumenta no Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que, nos últimos seis anos, a proporção de pessoas em briga com a balança subiu de 42,7% para 48,5%. Hoje, 15% da população é considerada obesa, o que representa cerca de 30 milhões de pessoas.
A obesidade também ameaça a infância. Dados do ministério mostram que uma em cada três crianças entre 5 e 9 anos de idade está acima do peso. Em 1989, esse índice era 13,5%. O sobrepeso é responsável por uma série de doenças ao longo da vida, como hipertensão, cardiopatias e diabetes. Também é fator que eleva o risco de acidente vascular cerebral (AVC).
30 milhões Número de obesos no Brasil, segundo o Ministério da saúde Remédio contra mal de Parkinson A Anvisa autorizou o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a produzir o medicamento Pramipexol, usado para o tratamento do mal de Parkinson. Em novembro do ano passado, o laboratório alemão Boehringer Ingelheim - dono da patente do remédio - e a Farmanguinhos assinaram acordo de transferência de tecnologia para produção do fármaco no Brasil. Pelo acordo, com prazo de cinco anos, o Pramipexol será totalmente importado nos três primeiros anos. Depois, metade da demanda interna será produzida pelo instituto. A nacionalização do remédio vai provocar uma queda de preço que pode chegar a 30%. Só no ano passado, o SUS repassou R$ 37 milhões aos estados para atender à demanda por Pramipexol. O mal de Parkinson é uma doença degenerativa do sistema nervoso central e atinge cerca de 200 mil pessoas no Brasil, principalmente idosos.
Fonte: Cofen.com
Imagem: Cofen.com