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A cura do diabetes?
30/09/2012
A cura do diabetes?
Muitos pacientes com obesidade mórbida enfrentam os males associados ao excesso de peso, como o diabetes. Estudos em todo o mundo apontam que as alterações metabólicas provocadas pelo desvio do intestino, feito durante a cirurgia, aumentam a produção de insulina e, consequentemente, promovem o controle da doença. Uma das teorias é que, como o alimento chega mais rápido à parte final do intestino, haveria uma produção maior do hormônio GLP1, que, entre outras funções, estimularia o crescimento das células produtoras da insulina.
Para Ricardo Vitor Cohen, coordenador de equipe do Centro de Excelência em Cirurgia Bariátrica e Metabólica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, a indicação da cirurgia bariátrica como tratamento de diabetes, em pacientes com obesidade moderada, é uma das grandes promessas. "Estamos reunindo dados para mostrar a eficiência do processo", afirma. Juntamente com o médico Bernardo Wajchemberg, ele foi autor de um estudo, publicado na revista americana Diabetes Care, da American Diabetes Association, que acompanhou, durante seis anos, pacientes, portadores de diabetes, com obesidade tipo 2, que tinham sido submetidos à cirurgia Y de Rouy, a mesma de Mariana. Os resultados mostraram que 88% dos pacientes tiveram o diabetes revertido.
A questão é que os pacientes diabéticos tipo 2 não têm indicação da cirurgia bariátrica se não se encaixarem nos perfis - IMC acima de 40 ou IMC entre 30 e 35 se tiver comorbidade associada - indicados pelo Conselho Federal de Medicina. "Esses pacientes não são prioritários para a cirurgia, especialmente do ponto de vista de saúde pública, mas são elegíveis, quando não conseguimos controlar a doença", explica o endocrinologista Bruno Geloneze, vice-presidente do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinolgia e Metabologia (Sbem) e coordenador do Laboratório de Investigação em Metabolismo e Diabetes - Limed. Ele representou a América Latina, em 2010, em encontro que reuniu 20 profissionais do mundo para elaborar um Consenso, divulgado pela Federação Internacional de Diabetes, nos Estados Unidos, que recomendava a cirurgia bariátrica como tratamento do diabetes tipo 2 em pacientes com IMC menor que 35. Por enquanto, no Brasil, vale a regra da cirurgia para os casos de obesidade mórbida e moderada com doenças associadas. "Nesses pacientes, há a remissão ou controle da doença em 70%", afirma Bruno.
A assistente administrativa Geisa Nogueira Barreto, 41 anos, não era obesa mórbida, mas a balança indicava quase 30kg acima do peso. "Não levava mais a minha filha na escola porque ficava cansada; parei de trabalhar porque o uniforme não me servia mais; tinha problema de pressão alta. Os exames de triglicerídios estavam alterados e fui internada mais de uma vez por causa das complicações", lista.
O diabetes, ela descobriu em 2000. Quatro anos depois, foi obrigada a tomar insulina diariamente. No ano passado, já estava se tornando intolerante e o quadro só piorava. "Minha glicose chegou ao máximo de 525, mesmo tomando a insulina, e o normal é ficar entre 70 a 110." Foi quando descobriu que a cirurgia bariátrica poderia ajudá-la a resolver dois problemas: emagrecer e controlar o diabetes. Ela se submeteu ao procedimento há 8 meses. Perdeu 28kg e controlou a glicose. Para ela, a gastroplastia foi uma segunda chance de vida. "A obesidade para mim é uma doença. Você come porque está triste, come porque está feliz. Daqui para frente, será um eterno aprendizado. É como um alcoólatra. Você está sempre em recuperação", define.
Fonte: Cofen.com
Imagem: Cofen.com